Se eu fosse de Coimbra, ou mesmo de qualquer outra parte da Região Centro, simplesmente não aceitaria a deslocalização do Tribunal Constitucional para dentro do território.
Não enquanto os senhores Juízes que votaram um parecer de caracter insultuoso para todos os portugueses não sofressem as respetivas sanções.
Ou é possível face à lei considerar territórios de primeira e outros de segunda dentro do mesmo país?
O desprestígio que esta deslocalização alegadamente causaria tem, apenas e só, fundamento na ideia de que bom, bom, é ser de Lisboa é estar em Lisboa. Passar a ter de assumir um local de trabalho a 180 Km acima da capital é, aparentemente uma espécie de degredo. Degredo de degradante.
E o que no plano Queirosiano é apenas “uma maçada” passa a explicar-se de forma arrevesada como algo que “descaracteriza e desvaloriza gravemente o significado da jurisdição constitucional”.
O centralismo atávico que, mesmo no plano simbólico, nos imobiliza de forma tão violenta tem neste processo o seu retrato mais despudorado.
Talvez a solução esteja mesmo em simplesmente não querer um grupo de profissionais forçados e amuados a olhar com desdém e desconfiança para um país real que é mais brilhante, mais vivo e mais novo do que as paredes encardidas do Palácio Ratton.
O projeto de lei foi aprovado na generalidade tendo descido à especialidade, voltando a plenário onde só passará se obtiver maioria absoluta. Veremos que voltas dará.
Se eu fosse de Coimbra ou de qualquer outra parte da Região Centro, concentraria os meus esforços no contributo para o desenvolvimento de uma região que congrega o maior número de autarquias do país, e apresenta um riquíssimo portfolio de ativos, da fruticultura aos museus, da cerâmica à construção, da ciência ao turismo religioso, das praias às serras, das cidades às extraordinárias aldeias históricas em rede policêntrica interna e externa.
Com o orgulho de quem sabe o valor que tem. Com a seriedade de quem sabe ser português.

Pode ler a opinião de Cristina Azevedo na edição impressa e digital do DIÁRIO AS BEIRAS