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Opinião: “Deputado dos ovnis, touradas e desemprego científico”

20 de dezembro às 15h42
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Dentro de três anos, os eleitores do distrito de Coimbra deverão avaliar o trabalho dos deputados que elegeram. António Pinto Pereira, eleito pelo Chega, é um desses deputados. Se realizar um bom mandato, os seus eleitores certamente votarão no sentido de o reeleger. Se o mandato for assim-assim, provavelmente vão ponderar entre manter ou alterar o voto. Se o mandato for muito mau, vamos imaginar que em vez de dar atenção a problemas do distrito de Coimbra como a habitação, o ensino superior, a prevenção de incêndios florestais ou a erosão costeira, prefere dedicar o seu tempo a teorias da conspiração mirabolantes, neste caso provavelmente os seus eleitores voltarão a votar no PSD, no CDS ou voltarão à condição de abstencionistas.

Este não é certamente o caso de António Pinto cujo continuado e sério trabalho no Twitter e no Tik Tok sobre Objectos Voadores e Fenómenos Aéreos Não Identificados, em particular denunciando a 17 de dezembro na sua conta do Twitter, a ameaça de uma esquadrilha de óvnis voando sobre os Montes Transantárticos, na Antártida, tem estado a contribuir para salvar a humanidade.

Na qualidade de docente da Universidade de Coimbra (UC) da cadeira de Instrumentação para o Espaço irei alterar o programa da referida cadeira para incluir tão relevante trabalho. Estou certo de que os meus pares das academias portuguesas e internacionais destas áreas de especialidade alterarão os seus programas curriculares para incluir esta inédita descoberta. Mais, faço um apelo ao Reitor da UC para contratar sem mais delonga este deputado para a posição Catedrático da Faculdade de Ciências. E estou certo de que a Academia Nobel já deve ter incluído António Pinto Pereira eleito do Chega pelo distrito de Coimbra como potencial candidato aos prémios Nobel de 2025.

Tudo isto seria muito divertido se os deputados do Chega e o governo não tivessem aprovado mais benefícios para as touradas através da redução do IVA e se não tivessem aprovado um orçamento que resulta em menor investimento para a ciência. Tudo seria divertido, se a partir de janeiro não fossem para o desemprego mais de 70 bons investigadores da UC por falta de financiamento das instituições científicas e das carreiras dos investigadores, uma catástrofe que afeta todas as universidades portuguesas que irão ter menos docência (estes investigadores lecionavam aulas de borla) e inúmeros projetos científicos em risco de serem cancelados.

Autoria de:

Redação Diário As Beiras

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