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Opinião: Comunidades digitais e serviços gratuitos: ambiente prolixo

10 de março às 11h14
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A prática de permuta de dados por serviços é comum no mundo digital. Com efeito, quando os serviços digitais estavam na fase inicial de criação, assistiu-se a uma forte pressão, por parte dos desenvolvedores, para construir um ambiente gratuito, contexto muito apelativo para os utilizadores. Criaram-se assim as comunidades digitais, que nada mais são do que um grupo de pessoas que se reúnem, interagem e compartilham interesses, ideias e objetivos comuns.

Uma comunidade digital é reconhecida pela observação de três elementos fundamentais: interação, presença online e colaboração. Efetivamente, os membros da comunidade digital podem trocar informações, participar em debates, colaborar em projetos, procura amparo mútuo, partilhar experiências e interesses comuns, ou simplesmente reforçar o sentimento de comunidade e pertença. A Wikipédia, a Legosdeas, Beauty Insider Community, etc), são exemplos de comunidades digitais com capacidade para proporcionar. Na atual sociedade da informação existem diversificadas comunidades digitais autônomas entre si. Os seres humanos relacionam-se em comunidades digitais através de uma multiplicidade de plataformas. Os indivíduos modelam as comunidades que formam, sendo igualmente verdade que a comunidade determina profundamente os comportamentos dos seus membros.

Com a transformação digital, foi possível construir comunidades digitais caracterizadas por identidade, que integra: um propósito, membros, valor, definição de sucesso e marca. Este reconhecimento ou identificação de comunidade digital fortaleceu-se atrás de uma estreita ligação com a conceção de gratuidade, que acaba por dificultar naturalmente a transição para um ambiente de serviços monetizados, ou seja, que cobre monetariamente pelos serviços. Para responder a esta gratuidade, os agentes das plataformas organizaram-se para maximizar a maior quantidade possível de dados, em troca dos seus serviços gratuitos. Quando se fala desta problemática, associa-se também a democratização de acesso à formação, bem como da disseminação e conectividade entre a universalidade das pessoas. Tudo isto, impacta na qualidade dos produtos, uma vez que o preço deixou de ser padrão de avaliação, sendo relegado comparativamente à experiência do utilizador, layout, funcionalidades, velocidade, assertividade, etc.

Toda esta logística acaba por criar um ambiente difuso, em que emerge a ideia central de gratuitidade, atributo que não precisa de ser justificado, ou seja, é uma condição considerada natural ou espontânea. De facto, a gratuitidade mitiga a forma como os consumidores perceber a cobrança, levando-se a agir de forma irracional relativamente à um dos bens mais preciosos do universo digital: os dados. Estes representam uma parcela importante da economia digital conjuntamente com a capacidade computacional, sistemas de processamento, efeito de rede, recursos humanos e outros.

Neste contexto, avaliar o valor dos ativos dos dados é uma prática essencial para as organizações modernas. Ocorrem, porém, desafios importantes para compreender o impacto económico de conceitos abstratos, com os dados, as informações e a inteligência empresarial. Dizer ainda que os dados só trazem valor quando são efetivamente utilizados, implica perceber que o seu potencial de contribuição está intimamente conectado à habilidade e capacidade para gerar insights, informação e conhecimentos passíveis de ser aplicados no processo de tomada de decisão e impulsionar ações concretas na empresa. Considerados como ativos, à semelhança dos ativos analógicos podem ser valorizados: ao custo de substituição; ao valor de mercado, segundo as oportunidades de negócio identificadas, pela venda de dados e pelos custos de risco. É, deste modo, importante compreender o valor económico dos dados, sendo fundamental investir tempo e recursos na sua avaliação e gestão para se obter uma vantagem competitiva duradoura no mercado digital.

Autoria de:

Marques de Almeida

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