Hoje e amanhã, o Presidente americano, Joe Biden, encontra-se em Bruxelas. Uma agenda repleta para tentar reanimar a relação entre os dois blocos económicos e comerciais mais fortes do mundo, sobretudo depois de anos de marasmo e desconfiança sob a égide de Trump. A expetativa é elevada, pois.

Vale a pena recordar que as trocas comerciais entre a UE e os EUA representam por ano 616 mil milhões de euros, ou seja, 30% do total mundial e 3,5 vezes o Orçamento anual da UE. Um colosso, portanto.

Mas estes dois dias em Bruxelas não devem servir apenas para reajustar os contornos comerciais, mas também para adaptar a relação transatlântica a novos tempos pós-pandemia, à emergência climática que precisa de todos comprometidos e a um tempo em que a China se afirma de modo crescente no panorama político e económico global. É inegável que existe mais em comum entre a UE e os EUA do que aquilo que os separa, mas importa ir além deste mantra e concretizar as boas intenções em resultados concretos para cidadãos, governos e empresas.

Se atentarmos, mais em detalhe, no domínio digital, percebem-se, porém, vários motivos de tensão entre os dois blocos: as principais “big-tech” são americanas e colecionam processos de anti-concorrência na Europa, desrespeitam regras mais ou menos consensuais no ataque à desinformação em linha e utilizam os dados dos europeus (sobre os industriais) da forma que lhes convém.

Ora, estamos num tempo em que há um movimento regulatório europeu novo, com foco nas plataformas digitais, na governação dos dados, na inteligência artificial, no comércio digital, na cibersegurança e na necessidade de um nova política fiscal.

Aliás, a possibilidade das grandes empresas de tecnologia (esmagadoramente americanas) passarem a pagar os respetivos impostos de forma equitativa nos mercados onde realmente transacionam e não nos “paraísos fiscais” onde estão estabelecidas deve ser um sinal de responsabilidade e de compromisso sociais, ao qual se espera que a nova administração Biden possa dar apoio.

O mundo precisa de uma relação forte, próxima e de confiança entre a UE e os EUA. Veremos se quarta-feira o anúncio será mais do mesmo!..