Opinião: A incerteza de Março

A frustração é uma componente da existência. Há inúmeras teorias sobre a resposta, àquilo que desencadeia uma emoção, ou uma acção. Aprender pode ser gerado por condicionamento operante, um reforço positivo, ou negativo, ou punitivo que conduz a que se repita ou se recuse um gatilho. Um pouco o regresso de Pavlov. Mordeste o bife do meu prato e levas um choque. Dizes-me bom dia e tens um chocolate. Assim, reforço positivo é um estímulo que desencadeia uma resposta positiva, ou desejável. Mas há quem responda mais depressa à punição.
Na sociedade contemporânea ocidental, de católicos não praticantes e ateus, dominada por governos permissivos às minorias e suas tendências, a frustração é mal recebida, e a vitimização das ínfimas minorias transporta com frequência benefícios claros sobre as maiorias. A mínima frustração é foco de dramas familiares e stress. A inadaptação à frustração condiciona sofrimento porque todo o insucesso quer ser ultrapassado por mecanismos compensatórios ou até redutores do malogro. Não foste para a Universidade, vais para o politécnico e depois equiparamos o politécnico a universidade e já está tudo equiparado e igual. Assim se construiu Bolonha. Queres ser mulher e nasceste homem? O hospital produz a cirurgia e converte-te no que nunca podes realmente ser, pois à luz dos conhecimentos de hoje o que fazemos é uma alteração exterior, mas sem construir ou retirar as características que a natureza realmente compôs. Ter uma miss Portugal sem falo, mas com próstata, é uma resposta à frustração condicionante da sociedade. Eu, que quero ser mulher, assim obrigo os outros todos a dizerem que sou, porque mudaram a lei, e agora, apesar da biologia eu sou mulher com próstata. Os direitos da ínfima minoria acarretam uma certificação legal para imposição da mudança. A frustração é que nunca!
O direito está em adaptação e a resposta social está em franca tolerância à diferença. Mas como gosta de dizer António Costa, há linhas vermelhas que a natureza impõe. E há linhas claras que convertem esta parte do mundo num paraíso das excentricidades e das adaptações a qualquer preço. Nas ditaduras e nas falsas democracias, e nos países de pendor fortemente religioso, todas estas questões são inexistentes. O mundo do século XIX e XX persiste com as suas limitações às minorias e marca deste modo uma emigração cultural, ou uma diáspora das pessoas que desejam uma sociedade mais aberta, mais de imposição de garantias de todas as excentricidades. É deste modo que Portugal, sobretudo os aglomerados urbanos, encontra hoje exercícios que não estavam no seu quotidiano. Os hospitais redescobriram a lepra, a sífilis, a gonorreia, a tuberculose, a monkeypox, e elas chegam sobretudo pela mão do fluxo migratório. O problema está nos discursos que pretendem que qualquer realidade seja submergida pela ideologia. A imigração é uma questão indiscutível e necessária, mas o seu descontrolo é um caminho para a punição numa sociedade onde a frustração é pouco admissível. Aqui o problema é que só o silêncio é admitido, pois se alguém ousar criticar as minorias ou as emigrações, ou as leis da excentricidade é um fascista! É deste modo que o silêncio acarreta uma dúvida sobre o dia 10 de Março. Quantas revoltas silenciadas vão gritar no papel?