Opinião: Ainda o Choupal…

A Mata Nacional do Choupal tem estado, desde a década de 70 do século passado como a aldeia gaulesa, rodeada de romanos por toda a parte. E sob o ataque destes. A Ponte-Açude, que lhe diminuiu a parte montante. Com outa consequência, separando-a da cidade, tanto por terra como pelo rio. E ainda diminuindo o nível freático, perdendo-se árvores nos entrementes. Depois o canal de rega que lhe cortou a ligação ao norte e lhe impediu a expansão possível. E a estrada do emparcelamento que confirmou essa fronteira. E o emissário final da ETAR que atravessa a Mata a meio e larga o efluente na sua margem.
Há uns 15 anos surgiu outra ameaça, mais um viaduto, cortando mais um pedaço e criando mais um «Muro de Berlim» entre a cidade e a Mata. Dessa vez houve uma reacção. Orgânica, informal. Cidadãos com uma causa «Não a mais esta machadada na Mata Nacional do Choupal». Acções como o Cordão Humano, a Uma Espécie de Corrida, concerto no Gil Vicente, um abaixo assinado de 10 mil assinaturas discutido no plenário da Assembleia da República. Páginas na internet, debates, Visitas a todos os grupos parlamentares. Manifestações em várias ocasiões. Uma acção colectiva interposta na justiça.
Refiro só para contextualizar. Foram pessoas de todos os quadrantes políticos. A reagirem, a rejeitarem, a debaterem e a propor alternativas. Pessoas que usaram o seu tempo para defenderem o bem público. Sim, fizeram «Política» na acepção mais nobre do termo, pugnarem pelo que acreditavam ser o Bem da Res Publica.
Volta o assunto a ser puxado, apresentando-se como solução para um estrangulamento de trânsito numa rotunda. E isto é triste. São soluções dos anos 70 do século passado em plena segunda década do século XXI.
Reconhece-se, como se concluiu há quinze anos, que a grande parte do tráfego é de passagem, veículos que fazem norte-sul sem destino em Coimbra. E muito bem, deve ser afastado. Nos anos 80 o trânsito de passagem foi afastado da ponte de Santa Clara para a Ponte-Açude. E que tal agora afastar mesmo para fora da cidade? Bem para lá do Choupal?… em vez de gastar dinheiro e afectar um património cultural e ambiental da cidade para afastar uns meros 100 metros?!…
Menos poluição e mais protecção, Menos viadutos e mais horizonte.
PS. A Figueira da Foz deu continuidade à Euro-Velo 1. Aplauso por tal. A Euro-Velo 1 é a grande via ciclável da fachada atlântica da Europa. Um dia destes escreverei sobre isto.
Pode ler a opinião de Mário Reis na edição impressa e digital de hoje (02/10/2025) do DIÁRIO AS BEIRAS