Votar é um dever cívico de todos nós, que nos confere o direito de exigência e escrutínio. O voto deve ser exercido de forma esclarecida, informada, e em respeito pela democracia.
Ao sermos chamados às urnas estamos obrigados a praticar um exercício de memória e tudo fazer por perceber que nem tudo o que nos é veiculado corresponde à realidade.
Entramos na semana do sonho, que antecede o ato eleitoral, na qual somos diariamente confrontados com faustosas medidas que reinventarão a condição da vida de cada um e do todo. A abolição de portagens é uma certeza, os comboios passarão a chegar a horas e os aviões não mais consumirão milhões. É anunciado o fim dos problemas com a habitação. O desemprego deixa de ser problema e os jovens não mais emigrarão. A diferenças salariais entre forças da autoridade não serão questão, e a justiça passará a célere e equitativa. Os médicos de família chegarão a todos e o serviço nacional de saúde cumprirá os anseios dos mais exigentes. Pensões e salários não serão questão, considerando aumentos para novos e mais velhos. Baixem-se os impostos. Esqueçamos que caminhamos para a condição do país mais pobre de todo o espaço europeu. É assim na semana do sonho que é, na verdade, a semana do logro.
Quem nos governou nos últimos anos, amnésicos no que respeita ao seu próprio passado e a tudo o que prometeram e não fizeram, fazendo por esquecer um estado omnipresente, improficiente e desqualificado, proclamam hoje uma nova vida, prospera e lépida. Quem na oposição esteve reclama direito à metamorfose e anuncia ventos de renovação.
Finda a semana das maravilhas, que cada um vote em consciência.