Opinião: Máquinas artificiais morais e éticas ( 1 )…

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Uma parte substancial da população compreenderá sem grande esforço que, a primeira vítima de uma guerra, ou de todas as guerras, é a verdade.
Nas últimas décadas, a formação e evolução inexorável do(s) império(s) da Informação Digital têm vindo a derivar para a construção objetiva, económica e socialmente, de uma série de subsetores que vão desde as novas indústrias da desinformação (Desinformation, Fake, Deface ), passando pelas industria de “meias verdades” (Misinformation), até às industrias e ao comércio da informação ou software maldoso/doloroso ( Malinformation).
Neste último (Malinformation), encontramos os maiores e mais bem pagos agentes do cibercrime atuando desde a “deep web” (web profunda) até à “surface web” em guerra(s) de propaganda a plenos pulmões, com os media a aproveitar todo o “Food For Thought” que faz as delícias de agentes “garbage”, sedentos de clickbites orientados à manipulação dos vetores de emoções imediatas, imediatistas ou efémeras, e onde agentes imorais e anti-éticos travestidos de “influencers” altamente profissionais, monetizam através de cliques com “likes”, “loves” e “angry’s”.
Mas se a atual capacidade de produção de mensagens já é elevada, tudo irá ampliar-se à medida que a IA Generativa se desenvolve exponencialmente através da automação, e, sobretudo da autonomia algorítmica introduzida em novos artefactos (gadgets), máquinas e sistemas computacionais que se instalam nos quotidianos de (quase) todos os ecossistemas à escala global.
E este é o ponto : se as inovações, regra geral se apresentam como uma oportunidade de desenvolvimento pessoal e crescimento económico, tal não deveria ser feito à custa de um downgrade ou “dump social”, sob pena de os efeitos civilizacionais de sentido negativo se sobreporem e se instalarem como um virus que corrói a confiança, mina a prova, estimula as distopias e com isso destrói, estrangula ou minimiza a(s) verdade(s).
Mais do que permissão, dever ou obrigação tão caros às lógicas deônticas, ou seja, mais do que produzir relatórios e lengalengas que suportam regulamentos à pressa por cima de algoritmos vibrantes e recombinantes, importa estabelecer os princípios de base para o lançamento de movimentos tendentes à concepção e produção de artefactos e máquinas morais e éticas, como uma das formas de estabelecer uma dialética que se opõe e dialoga, com a desenfreada produção resultante de sistemas e máquinas anti-morais e anti-éticas.
Do estabelecimento de um novo paradigma em que os sistemas morais e éticos se sobrepõe aos demais, dependerá muito o êxito ou a catástrofe da espécie humana e, consequentemente, da própria civilização no século XXI.
Temos as ferramentas e podemos escolher o desenho e a arquitetura para uma outra sociedade. A nova “praxis de produção”, deverá colocar as “Máquinas Artificiais Morais e Éticas” no centro e ao comando do processo de produção dos novos espaços, ciberespaços e hiperespaços, tanto em reais como em híbridos e metaversos societais, económicos , técnicos, regulamentares e ecológicos.

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