Começando por concordar que a inteligência artificial não é humana (falta-lhe um corpo sensorial), não tem de o ser (mesmo que antropomorfizada num objeto robótico metalizado), e, não há problema nenhum que o não seja, (desde que garantida a orientação pela humanidade).
Mesmo que a IA não seja humana no sentido literal do termo, trata-se do mais recente sucesso da criação humana, e o resultado de décadas de imaginação e desenvolvimento da vontade, génio e engenho de uma espécie “homo-sapiens”, cada vez mais “homo sapiens sapiens”, por simbiose com artefactos de IA generativa e recombinante, capaz de ajudar a desenvolver ainda mais as funções cognitivas superiores de inferência e de raciocínio.
A IA no momento atual é a consequência de um longo processo de investigação-ação mas, devemos reconhece-lo, está ainda longe de concluído, pelo menos enquanto o génio e engenho humano continuarem a manter o desejo de influenciar o seu próprio futuro.
Em todo o processo de desenvolvimento importará antes de tudo o resto, estabelecer imperativos heurísticos, que colocam o humano no centro dos processos de desenvolvimento garantindo bem estar, prosperidade e evolução no conhecimento para o entendimento da situação atual, com vista a elaborar sobre o(s) futuro(s) possíveis e desejáveis mas também sustentados num equilíbrio pessoal e ambiental.
Em cada era, o ser humano percebe algum equilíbrio se endogeneizar e dominar os métodos e processos de produção para que possa efetivamente inserir-se numa cadeia de co-criação e co-produção de valor industrial, económico e financeiro, mas simultaneamente, e até primacialmente garantir o seu bem estar através de valores emocionais, éticos e legais de alto valor pessoal, de cidadania e societal.
As sociedades humanas em convívio com as “sociedades algorítmicas” deverão ser capazes de gerar e privilegiar ambientes de abertura e reforço da educação humana e não da proibição pura e simples, onde a dialética “utilização vs utilidade” deverá ser resolvida em favor da construção de uma utilidade pessoal, emocional, económica, social e societalmente válida.
A vida será cada vez mais difícil, nos países onde o exército dos “negadores da IA” se sobrepõe aqueles que pretendem enfrentar o futuro com os instrumentos do conhecimento do seu tempo, associados ao reforço da inteligência humana através de sistemas de inferência de alto desempenho.
A hora é de preparação dos cidadãos para 1 ) o trabalho e a vida em ambientes locais e globais de conhecimento generativo e imersivo 2 ) a construção de plataformas de desenvolvimento capazes de proporcionar atmosferas de alta inferência e produtividade, 3 ) a dinamização de redes de colaboração “humano-máquina” para a educação formação, ensino e aprendizagem permanente, 4 ) o estabelecimento e ensaio de regras de convivência ética e moral para a vida em sociedades humano-algoritmicas e, por fim 5 ) a implementação de sistemas de monitorização com avaliação e validação da relação “humano-máquina” orientados ao bem estar, prosperidade e entendimento da vida e do trabalho em atmosferas de inteligência intensiva, atual e futura.