Opinião: Atentados e confinamentos

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22 de Março é uma data negra para a memória belga. Há sete anos, 32 pessoas perderam a vida nos atentados terroristas no aeroporto e no metro de Bruxelas, que deixaram ainda 340 inocentes feridos. Ontem lembrei esse que foi dos dias mais chocantes da minha vida. Senti muita revolta, impotência e aquela sensação de “podia ter sido eu”.
Uns meses antes, em Novembro de 2015, e na sequência dos ataques terroristas de Paris ( 130 mortos), Bruxelas fez subir o estado de alerta ao nível máximo. Um dos supostos perpetradores teria – como se veio a verificar – fugido para a cidade onde nasceu, Bruxelas. Nessa data assistimos ao primeiro confinamento da minha vida: lojas e escolas fechadas, inexistência de transportes públicos, tanques e militares armados até aos dentes em cada esquina. À altura fiquei em casa, petrificada, agarrada às notícias, no limite da ansiedade e do pânico.
Contrariamente, nessa manhã de 22 de Março de 2016, e contra todos os conselhos, saí de casa, fui em sentido contrário ao do trânsito em fuga do centro, e passei o dia no escritório. Não queria ficar outra vez em casa, desorientada e em stress. Primeiro, enviei mensagens à família e amigos em Portugal, onde as notícias ainda não tinham chegado, confirmei que os amigos daqui estavam bem, e depois fui à minha vida. Cheia de motivação contra o medo, mas na realidade cheia de medo…
No fundo, por aqui já conhecíamos bem o que era confinamento antes da covid. E eu tive uma real noção do significado daquela frase: “todos os dias podem ser o último dia”. Porque aconteceu aqui, mesmo na minha terra, nos caminhos por onde passo.

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