Terminei a minha crónica anterior, escrevendo que, na passada segunda-feira, iriam esgotar os comprimidos para a azia. E foi verdade, ainda que tivessem reforçado as encomendas! Foi maior que o imaginado!
O Partido Socialista sofre uma pesada derrota eleitoral na cidade de Coimbra. Já previsível, porque ninguém parece ter percebido que os votos “não esticam”!
Ao longo dos últimos anos, muitos mesmo, o Partido Socialista afastou-se da sua matriz, e enveredou por práticas pouco consentâneas com a sua história.
Ora misturando negócios com política, como arrastando-se em indecisões que não deveriam ser possíveis apresentando candidatos sem a qualidade política que os cidadãos merecem, e ainda, formando “comités de controleiros”, fechando o Partido Socialista em torno de algumas medíocres figuras, o desastre estava anunciado.
Como observador atento, fui escrevendo que o Partido Socialista se aproximava a passos largos do abismo. O que pensei, disse, e escrevi então, verificou-se sem apelo nem agravo. A indignidade era enorme!
Em política a história repete-se. Existiam sinais, desde 2019, que em 2021 iria acontecer o mesmo que aconteceu em 2001! E aconteceu. O Partido Socialista sofreu duas maiorias absolutas!
O Partido Socialista, penso eu, não ficará órfão! Há socialistas capazes de dignificar os valores e os princípios do PS.
Neste sentido, o Partido Socialista deverá encontrar um conjunto de pessoas, além de um líder, dignas e verdadeiras, sem mácula e sem “telhados de vidro”, para trilhar outro caminho. A cidade de Coimbra precisa e o país socialista implora!
Respeitando o passado, deverão perceber que o futuro é diferente.
A vitória de coligação “Somos Coimbra” tinha tudo para vencer…e venceu! Poderá ser difícil governar a cidade com tantas vontades e tantos egos, mas é minha convicção que o Presidente eleito tem capacidade de liderança para tal. Difícil era ganhar!
Resta saber se o Partido Social Democrata e os seus militantes vão ficar sossegados. É que será sempre difícil fazer uma análise para o futuro, porque ainda ninguém percebe qual o comportamento dos mais fieis social-democratas!
Claro que a vitória expressiva de José Manuel Silva poderá retirar alguma veleidade ou vontade de confronto. Saberemos no futuro – e fico expectante – qual vai ser a relação; se amistosa, ou não!
Na Figueira da Foz, tal como se previa, Pedro Santana Lopes arrasou a concorrência, pouco ou nada importando aos figueirenses se, aquando da sua passagem, deixou dívida, ou dívida e obra!
Como escrevi e reafirmo, Pedro Santana Lopes vai governar para a Figueira da Foz com os olhos na região centro. A regionalização está ao virar da esquina. Os partidos políticos e o governo sabem-no bem. Temos de modernizar para sobreviver!
Tal como em Coimbra, o PS sofreu uma pesadíssima e esperada derrota, devido ao mau, a rondar o péssimo, desempenho de Carlos Monteiro.
Tal como em Coimbra, o PS/Figueira da Foz deverá fazer uma profunda reflexão sobre as causas, e retirando daí as consequências necessárias!
Santa Lopes convidará Carlos Monteiro para o executivo para fazer maioria? Aceitará Carlos Monteiro, ou deixará que outro militante ocupe dignamente o seu lugar? Ou Santana Lopes convidará o vereador que substituirá Pedro Machado?
Penacova, cujo candidato do PS era o Deputado e ex- Presidente da Federação de Coimbra Pedro Coimbra, deu a vitória ao PSD. Se tivesse vencido as eleições, Pedro Coimbra estaria a “pedir a cabeça” de Nuno Moita que perdeu um vereador devido ao conflito que manteve com Liliana Pimentel, cidadã respeitadíssima no concelho.
Há que registar a surpreendente vitória do PS em Penela. Já não surpreende a pesadíssima derrota do PS em Gois. Percebia-se à vista desarmada devido ao desastroso desempenho da ex presidente.Nas outras autarquias do distrito nada a registar. Vitórias esperadas em Oliveira do Hospital, Cantanhede, Montemor-o-Velho, Soure Mira, Arganil e Tábua, por candidatos do PS e PSD.
Na política, como na vida, os teimosos perdem sempre!
Agora, agora é trabalhar para que o futuro seja melhor para os nossos vizinhos!

Pode ler a opinião de Luís Santarino na edição impressa e digital do DIÁRIO AS BEIRAS