Opinião: “Renascença Digital”- pensamento e ação sobre ciclos curtos

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O “impulso de Dirac” é um evento de alta intensidade e curta duração. Os sistemas políticos, económicos, sociais, tecnológicos e ecológicos têm de ter capacidade para absorver e gerir eventos desta natureza sob pena da entrada em desequilíbrio e consequente caos, desordem e mesmo desaparecimento. As recentes catástrofes na Alemanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo foram marcadas por fenómenos de alta intensidade e curta duração – choveu em apenas um dia, a quantidade de água de um mês.
Pensar a sociedade para receber fenómenos intensos, que modificam em ciclos cada vez mais curtos os padrões e regularidades do quotidiano é um desafio gigante que toca praticamente todas as esferas de atividade humana, e deverá levar a reflexão sobre os novos modos de organização do trabalho , estudo e pesquisa, tendo em conta uma intervenção mais rápida sobre os problemas ( foi assim o processo de descoberta de uma vacina em tempos de pandemia) e de ação cada vez mais célere sobre as oportunidades.
Mesmo as atividades do futuro como os “metaversos digitais” na forma de jogos blockchain, trabalhos de criptoarte com NFTs (Tokens Não Fungíveis) , e iniciativas sobre finanças descentralizadas (DeFi) são geradores de fenómenos instantâneos de alta intensidade e curta duração que aportam, tanto receios e incertezas quanto o desejo de intervenção educativa e formativa em contextos de tempo quase-real.
Os sistemas e tecnologias digitais de suporte à Transição Digital, não sendo uma solução total para os problemas e oportunidades emergentes, colaboram decisivamente para a expansão da consciência sobre fenómenos carregados de doses massivas de dados, gerados e transmitidos em alta velocidade, e para os quais é necessário pensamento sempre reatualizado para o desenvolvimento de instrumentos de deteção e ação para todos os tipos de ambientes – simples, complicados, complexos ou caóticos.
A “Renascença Digital” enquanto momento e movimento civilizacional emergente, é a junção de espaços e ciberespaços de pensamento e reunião de ativos físicos e virtuais, que abrem caminho à ação sobre os ecossistemas e a sociedade através da criatividade e da genialidade humanas em sintonia com os objetivos ambientais, de sustentabilidade e governabilidade.
Como quase sempre ao longo da evolução, as ações humanas para uma compreensão progressiva dos fenómenos resultantes de sistemas tecnico-sociais de alta intensidade e curta duração (ciclos curtos ) requerem em primeiro lugar a capacidade de mudar de perspetiva e em seguida, da vontade de fazer escolhas que, sem prejuízo dos objetivos de natureza individual maximizam a visão holística sobre o bem estar social e civilizacional.
Sim, a “Renascença Digital” pode ser um despertar dos sentidos e a modelação de novos comportamentos para o desenvolvimento de sistemas sensoriais ( humanos e técnicos) mais apurados, e que permitem pensar o futuro da cidade 5G / 6G com mais sentido de jornada e racionalidade.

 

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