Opinião: Representação digital de Ativos do Mundo Real

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Dez mil e quarenta e cinco projetos de Criptoativos parecem configurar à data, Maio de 2021, o embrião das futuras Comunidades Digitais dotadas de um propósito, uma moeda e, em alguns casos, até mesmo um tribunal.
Acresce que, na última década, após o célebre artigo de Marc Andreessen com o título “The software is eating the world” ( O Software está a engolir o mundo) , a realidade social e económica “online” e “onlife” se vai cumprindo pela utilização de ferramentas e plataformas informáticas, mas também como um processo de expansão e amplificação de Infaestruturas de Utilidade através do crescente número de redes “blockchain” ao serviço das pessoas, empresas e instituições em atmosferas psicossociais e económicas imanentes e intensivas em dados, informação e conhecimento.
A um ambiente inicial marcado e desenvolvido ao longo de décadas por matemáticos e criptografistas, a ele se vêm juntando programadores, ciberlibertários e economistas da teoria de jogos, defensores de uma arbitragem partilhada, consentânea com a vida e quotidianos digitais de tempo real cada vez mais influenciados por algoritmos de inteligência artificial, e, para os quais importa fazer dialogar e arbitrar no quadro das novas possibilidades de portabilidade instantânea, responsabilidade partilhada e explicabilidade total, com suporte em reflexões “human in the middle” , em que a decisão fica entregue ao humano, mesmo quando em ambientes hibridos de interação conjunta com máquinas e entidades organizacionais “inteligentes” e autónomas.
A transição para uma vida digital (ou o “digital life” que a pandemia institucionalizou ) determina a descrição fiel para um entendimento sobre o valor e o método de quantificação de ativos físicos e conceptuais da vida real como um imóvel, um contrato, um diploma, uma patente ou um direito de autor, uma obra de arte, um recebível e mesmo uma competência atual ou futura.
Na prática, a criação de bens jurídicos ou a construção de “tokens” enquanto títulos de propriedade digital sobre ativos do mundo real transforma-se numa atividade essencial para o período de transição digital que ora vivemos, e para o qual importa criar competências multi e transdisciplinares em áreas emergentes como as redes blockchain construidas por cadeias de blocos seguros, transparentes e auditáveis, a concetualização e programação de contratos inteligentes e o domínio interdisciplinar das classes de criptoativos sobre os quais incide hoje, uma onda inovadora sem precedentes no plano técnico-económico, histórico-filosófico e jurídico.
À entrada da terceira década do século XXI faz sentido estimular o desenvolvimento de conexões dinâmicas entre Ativos do Mundo Real e sua representação digital, através de “tokens” juridicamente construidos para permitir a realização interpretável de atividades automáticas e autónomas entre pessoas, empresas e instituições, inseridas em ecossistemas de projeção de confiança e de quantificação do mérito através de um talento, uma visão ou um compromisso.

 

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