Opinião – Dias de Chumbo

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Faz exatamente um ano que ouvimos – sobre os primeiros casos conhecidos do novo coronavírus na China, esta afirmação tranquilizadora: “A boa notícia é que nada indica que haja transmissão pessoa a pessoa”. Fazem exatamente onze meses que nos foi dada esta garantia segura: “Não use máscara, dão uma falsa sensação de segurança.”
A 27 de Outubro do ano passado, foi publicada a Lei através da qual a Assembleia da República aprovou – aliás, por proposta do Partido Social Democrata – a obrigatoriedade do uso de máscara em espaços públicos, incluindo as vias públicas, sempre que o distanciamento físico recomendado pelas autoridades de saúde se mostre impraticável. Considerando a vigência limitada no tempo do referido diploma, o PSD propôs, entretanto, a sua prorrogação, agora por um período de 90 dias, tendo assim sido já publicada a Lei, no último dia do ano findo.
A pandemia é uma tragédia humana, e, por isso mesmo, não podemos vacilar, afrouxar ou dar tréguas no combate. Mas o que se espera do Governo é que cumpra o seu dever e que se preocupe mais em salvar vidas e menos com cortinas de fumo e manobras de propaganda! Porque este é um governo que tem uma relação difícil com a descrição e o sentido de estado – porque lhe falta, amiúde, bom senso. E este parece ser também um desgoverno na educação, na administração interna, na justiça e na saúde – porque está sem norte e revela ter uma relação impossível com a verdade!
Um Governo responsável pelo excesso de mortalidade provocado pela sua decisão de suspender a atividade programada no Serviço Nacional de Saúde, sem cuidar de assegurar aos portugueses alternativas atempadas nas prestações de serviços de saúde.
Um Governo que induziu em erro o próprio Senhor Presidente da República ao garantir que haveria vacinas contra a gripe para todos, reconhecendo agora que “os portugueses foram enganados” pela Ministra da Saúde!
Um Governo que deixa para trás os idosos e os doentes crónicos, que só serão vacinados na segunda metade deste ano (a ser possível!) ou talvez mesmo só no próximo (a cumprir-se a tradição do incumprimento!) … Quando proteger os mais frágeis de entre os frágeis não é apenas uma prioridade sanitária. É, sobretudo, um dever ético e um imperativo moral!
Perante tudo isto, acrescido da rutura eminente do SNS mais do que previsível e já visível, por manifesta incúria e imprevidência – a verdade é só uma e é esta: esperam-nos dias de chumbo! Não há – não conheço e não sei que haja, palavras doces para dizer aos portugueses que a dor, o sofrimento e o luto (por COVID e não COVID) não se extinguem por mais que se anunciem milagres para gerir expectativas imediatas.
Eu, descrente me confesso da justeza e cautela das políticas seguidas pelo governo que devíamos ter, mas não temos! Incapaz, portanto!

A minha atividade na semana passada
Esta semana de trabalho na Assembleia da República, incluindo nas Comissões de Saúde e Negócios Estrangeiros. Com intervenção no Plenário, referente a iniciativas legislativas, relativamente ao uso obrigatório de máscaras na via pública.

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