Opinião – Um dia histórico!

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A instalação do Conselho Municipal de Cultura de Coimbra tem uma importância de longo alcance, que é preciso sublinhar.
Realiza uma velha aspiração do setor cultural e criativo da Cidade. De facto, não é de ontem a vontade sentida pelos artistas, pelos coletivos e pelas instituições de se darem a si próprios a oportunidade para pensarem em conjunto as suas práticas e os seus projetos e, sobretudo, de o fazerem com a noção de que assim contribuem para o desenho material e imaterial de uma cidade. A cultura também é isso.
Todos os profissionais da cultura sabem-se participantes na formação de uma comunidade. Podem fazê-lo em diversos registos: arrebatando imediatamente risos e lágrimas de espetadores tocados pela emoção; produzindo e mantendo dezenas ou centenas de homens e mulheres em suspensão nos seus próprios fascínios; interrogando as nossas convicções atuais; suscitando perplexidades diante de uma experimentação inesperada. Nos seus tempos próprios, estes registos convergem para finalidades comuns: querem envolver as cidadãs e os cidadãos na aventura que é a descoberta dos muitos mundos de que o mundo é feito, alguns aparentemente mais próximos e acessíveis, outros que parecem mais distantes e complexos mas todos ao alcance de que quem queira ousar o risco dessa aventura.
Ora, para além de saberem participantes pelas suas respetivas atividades, os profissionais da cultura têm agora a oportunidade de desenharem um perfil cultural de cidade nas relações entre todos. A definição estratégica é isto: cada elemento pensar-se em relação ativa (dialogante ou tensa ou disruptiva) com outros elementos em função de uma ideia de Cidade.
Não por acaso mas por estas razões, a instalação do Conselho Municipal de Cultura ocorre estreitamente associada à preparação da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027, tendo constituído uma proposta do Grupo de Trabalho, gerada nos múltiplos contactos com os agentes artísticos e culturais e imediatamente acolhida pela Câmara Municipal.
Um aspeto central dessa candidatura – cujo modelo, convém lembrar, é substancialmente diferente dos modelos das anteriores Capitais: Lisboa, Porto, Guimarães – é que ela incorpora uma visão estratégica de longo prazo para a organização da Cidade enquanto entidade cultural.
A Cidade que queremos em 2028 é a preocupação estruturante dessa estratégia cultural: desligada de ciclos eleitorais, das programações permeáveis às “oportunidades imediatas que não se podem perder” e às “súbitas inspirações” vai ganhar solidez no debate aprofundado e conclusivo para que todos os agentes culturais e artísticos se deverão sentir desde já mobilizados.
Por isso, o Conselho Municipal de Cultura de Coimbra responde, simultaneamente, a duas solicitações: enquanto solicitação do passado, preenche, finalmente, uma lacuna. Mas responde também a uma solicitação do futuro, porventura ainda mais relevante: o envolvimento ativo nos trabalhos necessários para que, em 2027, a Capital Europeia da Cultura seja Coimbra.

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