Opinião: Um casamento de conveniência

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“O amor é aquilo que depois do casamento se chama engano”
(Oscar Wilde).

Aproximando-se, a passos largos, novo período eleitoral para a Presidência da República Portuguesa (Janeiro/2021 ) é natural que se contem espingardas e uns tantos tabus, ou simples segredos de Polichinelo, sejam desfeitos.
Neste particular, bateu recordes Marcelo Rebelo de Sousa, hábil e matreiro jogador nesta complexa matéria. Ficámos a saber, finalmente, que se recandidata a uma segunda magistratura de Chefe de Estado, facto que nem sequer causa em mim perplexidade.
Após o seu namoro com o Partido Socialista, com altos e baixos, em que o pico maior de arrufos sucedeu aquando do sacudir de água do capote de ambos na polémica gerada pelas últimas comemorações do 1.º de Maio, anunciam agora um casamento de conveniência para assegurarem uma vitória sem espinhas, passe o plebeísmo, para a Presidência da República.
Como reagirão os actuais “compagnons de route” de governação do Partido Socialista? Que acordos serão feitos num momento em que o “Chega” continua a crescer em percentagens, comparativamente com outros partidos, que se augura estarem a ser ultrapassados, ainda que com tradição no panorama político nacional?
Os esponsais de conveniência entre o actual Presidente da República e o 1.º ministro têm os convites feitos e o “Copo de Água” encomendado com os convidados com água a crescer na boca, receosos de que a água do copo se possa entornar à porta do Registo Civil, porque, em aviso popular, “até ao lavar dos cestos tudo é vindima!”
Estas simples questões levantadas por quem, como eu, parafraseando Eça, “é simples diletante de coxia” do proscénio político, mas “quantum satis” para sentir na pele os seus reflexos, agravados numa época de crise provocada pelo coronavírus e suas nefastas consequências económicas, faz-me ter receio de um futuro de nuvens plúmbeas em que os entes da numerosa família socialista preenchem já os lugares da governação numa espécie de herança monárquica que passa de pais para filhos e, por vezes, para simples amigos do peito.
Como nos diz a voz do povo, “homem prevenido vale por dois”, a que eu acrescentava, armado em machista juvenil ansioso por escanhoar os pelos de uma barba a despontar: Mulher prevenida vale por homem!
Não me compete e, muito menos, tenho perfil de analista como os que enchem os ecrãs televisivos, prevendo o que se vai passar e desculpando-se, posteriormente, do seu papel de falsos profetas, titubeando razões porque não aconteceu. Nessa não caio eu porque avisado estou pela crítica mordaz de Mark Twain: “A profecia é algo muito difícil, especialmente em relação ao futuro”.
Todavia, dado que Marcelo Rebelo de Sousa se não poderá recandidatar a uma terceira e consecutiva eleição, arrisco que ainda irá haver muito escaqueirar de louça entre ele e António Costa terminado este período de lua de mel que se poderá assumir, num futuro próximo, como lua de fel. Aposto dobrado contra singelo!

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