Eu lutei contra a dominação branca, eu lutei contra a dominação negra. Eu nutri o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas vivem juntas em harmonia e com oportunidades iguais”
(Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul)
Causa-me bastante frisson a maneira tendenciosa e unilateral como alguns plumitivos abordam a complexa questão do racismo e, por arrasto, as posições dos partidos de esquerda atribuindo, a si próprios, o monopólio abusivo do anti-racismo.
Ainda mesmo tendo como uma patetice citar a mensagem que circulou, anos atrás, de que os “comunistas [chineses] comiam a criancinhas ao pequeno almoço”, esse facto não invalida que o comunismo tenha como pesada herança, na denominada “Primavera de Praga” ( 1968 ), o assassinato em massa de indefesa população checoslovaca. Bem sei eu que isto se passou numa época de transição para estados de operariado menos opressores condicionados pela necessidade de uma mudança da política do Leste europeu de que o muro de Berlim foi paradigma difícil de digerir por parte daqueles que chegaram ao extremo de argumentar que essa barreira de betão fora construída para evitar o êxodo da população da zona ocidental de Berlim para a zona Oriental desta cidade!
Actualmente, sinto dificuldade em me pronunciar sobre o espectro político actual português em que o Bloco de Esquerda se situa. Uma coisa me confunde neste caso por ter beneficiado este partido de um casamento de conveniência com o Partido Socialista, no altar da “geringonça”, embora com prazo previsível de um divórcio litigioso que escaqueire a louça comum.
No que respeita ao recente “Chega”, os seus opositores nem sequer lhe dão o benefício da dúvida, taxando-o de extrema-direita com uma carga de bradar aos céus de ódio, de quem tem o insulto como “ultima ratio”!
Curiosamente, hoje eu próprio começo a ter dúvidas sobre as fronteiras que separam a esquerda da extrema-esquerda e a direita da extrema-direita. Nesta espécie de dança das cadeiras, talvez algum politólogo, ou leigo mais atrevido, que acusa o “Chega” de ser de extrema-direita me possa elucidar como situar o Bloco de Esquerda. Desde já agradeço!
No meu caso, de uma coisa estou certo. Situo-me politicamente do lado daquilo que tenho por honesto, justo e digno propalado, ainda que só para inglês ver, nos programas eleitorais dos partidos políticos em disputa pelo poder prontos a vender a alma ao diabo se necessário.
Curioso, ainda, ou mesmo extraordinário, é o anti-racismo ser agitado pela esquerda como coisa exclusivamente sua atribuindo, consequentemente, o racismo à direita, sendo que o combate da esquerda ao racismo chega a cometer a injustiça de defender quotas de emprego para negros. Podendo, se levado avante, ter como resultado que incompetentes negros ocupem lugares de brancos competentes, através de um racismo negro que valida uma situação que prejudica o desenvolvimento social, cultural e económico deste país mais ocidental da Europa.
Acabar com o ódio entre raças é o melhor antídoto para combater o racismo sem manifestações tumultuosas de ódio latente em que se misturam várias tonalidades de pele mancomunadas na finalidade em lançar gasolina para a fogueira do ódio sob o pretexto de combate ao racismo.
Dá-se o caso de eu ter mais receio dos que se arvoram em prosélitos do anti-racismo, normalmente, só da boca para fora, do que daqueles que assumem o racismo por ignorância: a ignorância pode ser combatida pela educação, o cinismo é mais difícil de combater! Ou mesmo impossível!