Opinião – Susan Palma Nidel

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Uma das fascinações da minha vida é a música. Não nasci provido da capacidade de dedilhar com perfeição, de entrar nos tempos, de registar sem esforço os compassos e assim fui ultrapassado pela realidade. Gostava de tocar com os amigos mas era óbvio que os atormentava e portanto dediquei-me a ouvir. Depois dediquei-me a ajudar talentosos cidadãos a conseguir chegar mais longe, mais alto e nisso fui bem-sucedido.
Surgiu-me uma situação diferente quando os nomes eram gigantes e eu é que ajudava a produzir o desafio. Organizar uma tournée de Susan Palma Nidel é o maior exercício em que me coloquei na música. Susan é flautista e de modo particularmente inovador e elegante visita grandes temas da chamada Música Popular Portuguesa. Susan tem um marido curioso e culto de nome Richard Nidel que editou um livro de música do mundo “worl music: the basics” de 2004 e por ele se chega a esta sonoridade mulata, mista, incrível. A flautista Susan que ganhou um grammy da música clássica ainda na Chamber Orpheu de Nova York encontra Né Ladeiras, uma voz suprema e injustamente silenciada, autora do premiado disco Trás os Montes de 1994. O Richard conhecia. Junta-se a fina flor da música portuguesa e surge um disco. “Lisboa à Solta” tem a chancela artez medicina e arte lda (minha empresa e etiqueta) e saiu em 2018 estando agora a rodar salas de Portugal. Vem com Gil Goldstein que foi produtor de Pat Metheny, Bobby Mc Ferrin entre outros e aqui se responsabiliza pelos arranjos musicais e por tocar piano e acordeão. Também ele foi galardoado com Grammys do jazz. Só me falta ter o Cid na audiência para ter um pleno de Grammys – mas fica um bilhete para ele e a esposa na entrada. Este é um convite promessa até para ver se a minha crónica sai do papel.
Esta mistura incrível de músicos como Pedro Jóia, Ruca Rebordão, Sandra Martins, com os americanos Susan e Gil, constrói uma sonoridade pioneira. Junta-se a voz da Né nalguns temas e espero estar a oferecer à cidade uma experiência incrível. Vai ser a 28 de Março no TMG da Guarda, a 29 de Março no S. Francisco e depois 1 e 2 de Abril no Capitólio em Lisboa. No Capitólio temos o vistoso acrescento de Vitorino Salomé a interpretar Zeca. Visita-se a sonoridade de Zeca Afonso, Fausto Bordalo Dias, Sérgio Godinho, também o clássico Carlos Seixas e algum som do Brasil. É um projecto que na minha mente cruza com projectos referência como “Bebo e Cigala” e “Buena Vista Social Club” que são experiências onde continentes diferentes homenageiam sons inigualáveis de alguns. Estarei sentado a dedilhar com a alma esta experiência sofisticada, elegante e culta onde estou totalmente envolvido.

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