Opinião – Manequins

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Ter manequins nas lojas com barriga, outros obesos, alguns baixos e carecas, mulheres com pança maior que as mamas, mulheres sem cinta e sem tornozelo, despenteadas. Ter gente com o verniz estalado e com cheiro. O odor é importante. Uma loja de roupa que transforme este manequim numa personagem, num evento de fantasia tem os trapos que quero para mim. O pré-fabricado, o conceito, a beleza padrão tem uma construção semelhante à “pós-verdade”. Dou-te num olhar uma mentira, ofereço-te um sonho. Criámos escolas de ilusões onde pontificam designers, maquetistas, especialistas em marketing, vendedores de estudos profundos sobre as emoções e modos de as burilar, arrastar para decisões com pés de barro.
A realidade tem cheiro. Se fores ao centro comercial e te aliviares deixarás esse raro perfume, deixarás marcas na cerâmica branca. Tu és, sem vergonha, isso também. Porque retiraram as escovas? Porque temos taipais onde a intimidade é total entre sons, conversas de telefone e odores “sui generis”? Os “manequins verdadeiros” obram. A crueldade para mim é a falta de higiene destes cidadãos. Ultimamente apercebo-me que maioritariamente não lavam as mãos! Há quem defeque e não se lave! Bolas! Que nojo! Depois pegarão na roupa que vou experimentar também? Que povo é este que não se limpa, não esfrega o que suja, não arruma o que despe, não cuida da aparência? É o manequim! O povo vê-se retratado nas montras, imagina-se naqueles objectos altos, magros corpulentos, penteados. O povo imagina-se lavado, não carece de sabão. Há milhares de pessoas que precisam de instrução/formação para existir em comunidade. Perderam a compostura, perderam o detalhe, morreram como cidadãos e nasceram como “fake news”. Eles existem inodoros, insípidos e incolores, perfeitos no “photoshop” da imaginação e despontam nas redes sociais que felizmente não carregam odor, pormenor e escondem a realidade. As lojas deveriam mudar a sua verdade e colocar mais realidade, menos padrão.

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