Opinião: O dia antes das eleições

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Hoje não devo opinar muito. Hoje devo reflectir sobre a espuma do mar, sobre as pestanas a bater fortes, cegando instantes. Hoje é o dia do arco-íris, dos ventos suaves, das brisas modestas. Não podemos falar de animais que pode ser propaganda. Lembrei-me da maldade como determinadas etnias tratam os cães e os cavalos. Mas não se pode falar que é racismo. Lembrei-me dos cães grandes em varandinhas pejadas de trampa, à espera da coleira. Mas não se pode dizer mais que é dia de silêncios. Sonhei com vacas voadoras e porcos a nadar mariposa.
Ocorre-me que os indigitados por crimes contra a minha qualidade de vida, como Salgado, Pinho, Bava, Sócrates, Granadeiro, Berardo, vão votar em quem melhor os protege. Quem serão? Não quero votar nos amigos de Filipe Pinhal. Não quero calar a ignomínia de reformas milionárias e prémios de falências. Não quero voar para o Montijo se posso ir para Beja ou Tancos. Quero ir pensar de comboio à Lousã, a mergulhar nas paisagens abandonadas. Ocorre-me que cada um é um voto e o voto devia ser obrigatório. Ocorre-me que a democracia exige a clarificação de todos. Na democracia um estúpido vale o mesmo que Eduardo Lourenço, ou que um José Gil. Esse é mesmo o fascínio da liberdade – nascemos todos do mesmo modo e depois votamos de modo igual – no resto tudo é diferente. Não há votos ricos, nem feios, nem gordos, nem ordinários. Presos inocentes, gente banal, bandidos confessos, percursos invisíveis, virgens púdicas, padres devassos, gente normal, meretrizes de pensamento, canalhas bem vestidos, lá vão em filas indianas passar a cruz e dobrar o papel. Votamos em egos enormes, nem sempre inocentes, pessoas que se candidatam e acreditam, mas também nos empurram uma convicção. Os elegíveis agora são 21. Seis já lá estão, quinze querem lá entrar. O sistema ao não ter um círculo nacional condena de alguma maneira os pequenos a uma votação falaciosa. Há que construir a opção de todos os votos serem importantes numa escolha nacional. Não podemos perder vontades ou apoucar escolhas.
Enfim, refletir é hoje e amanhã é dia de votar.

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