Opinião: Sistema em atualização: não desligue

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A mudança concretiza-se no dia-a-dia e não se sabe ainda como se irá estabilizar – ou até se estabilizará no nosso tempo de vida. As questões são várias e ao nível global – não sejamos ingénuos: as decisões nacionais encontram-se subjugadas ao contexto económico internacional. E isso diminui consideravelmente, por um lado, a soberania e a autonomia nacionais e, por outro, a nossa margem de erro, dado o nosso subdesenvolvimento geral e a nossa dependência económica. Os assuntos em confronto com esta realidade são vários e muito sérios, na medida em que a sua influência terá grande impacte no sistema… o que – ironicamente – até pode ser positivo…
Os problemas nacionais são muito preocupantes. Para uma população de 10 milhões de habitantes em drástica redução chega mesmo a ser confrangedora a incapacidade demonstrada por vários governos em harmonizar o sistema económico nacional… Seguem-se problemas como: o despovoamento do interior, o envelhecimento da população, a concentração de riqueza, a sustentabilidade da segurança social, os problemas graves da educação, da saúde e da justiça, o baixo rendimento das classes produtivas (que é insuficiente e injusto, quando comparado com o rendimento dos cargos de topo). Injusto e revoltante quando sabemos quais os rendimentos provenientes da especulação ou de grandes empresas (muito) dependentes do Estado (esse capitalismo que depende do dinheiro e de legislação do Estado para florescer e progredir – portanto, de liberal ou de neoliberal não tem nada). Há uma alta finança confortavelmente deitada em cima da produção (que é como quem diz, das PME e destas para baixo e das classes produtivas). É revoltante também quando sabemos que a justiça é rápida e eficiente a condenar quem denuncia a corrupção e lenta e complacente com as elites corruptas. É revoltante quando se reconhecem os mecanismos de Poder e nos sentimos instrumentalizados pelos mesmos: os Partidos políticos estão estruturados em teias de interesses impenetráveis… É duro e triste…
Há talentos que deviam ser aproveitados: a Wikileaks deveria ser já constituída como uma agência de informação internacional em estreita articulação com os órgãos de investigação criminal. O próprio Rui Pinto seria um excelente recurso. Pois muito bem: que seja julgado e, se condenado, coloquem-no a colaborar com o Ministério Público enquanto cumpre pena. Ou então, contratem-no. E há muitos outros talentos por aí a aguardar por uma oportunidade.
Há ainda um grave problema a grassar invisivelmente: a depressão e o aumento dos suicídios em Portugal. A falta de perspetivas, de estabilidade, a pressão geral, a ausência de propósito e um sentimento de impotência com que se deparam muitos concidadãos arrasta o país para este flagelo. É urgente contornar esta situação. O quão importante são as artes e a cultura para a promoção do bem-estar, da auto-estima, do sonho, da magia, do enriquecimento dos espíritos… Arte e cultura a sério geram mais e melhor economia. Enfim… há coisas que por tão óbvias irritam serem faladas…
Tudo isto se espraia no grave problema ambiental que coloca em risco a humanidade. O planeta por cá continuará… Já a humanidade, ou se corrige ou se extingue.
Os últimos 40 anos foram muito positivos. Mesmo com lapsos, erros e falhas. Preocupa-nos a todos, agora, como contornar os problemas estruturais que persistem e saber como serão os próximos 40 anos. Os problemas estão mais do que identificados. As soluções desinteressadas também. O problema são os interesses que criam “soluções”…
O sistema está em atualização. Não sabemos quais as (novas) configurações que trará para os utilizadores.

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