Opinião: Formações, negócios e diplomas

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O conhecimento das escolas demora muito a modificar-se ou fazem-no por sobressaltos que condicionam vertigens. Um exemplo de vereda ou abismo é o acordo ortográfico. Um acordo cheio de destemperos e de inexactidões que condicionam humor e alguma “diletância”. Integrado que está numa geração inteira será mais uma tontura reverter essa escolha. Eu ia por aí mas não é o tema de hoje.
As formações são um lugar de ganhar conhecimento, estabelecer discursos protocolados e orientar estratégias a bem de uma melhor prática. Nas formações é suposto integrarmos protocolos, cadências de raciocínio e talvez formatar uma actuação. Isto tem trazido vantagens para o trauma, para a diminuição dos acidentes de trabalho, para a condução. As formações ganharam um terreno enorme sobre as licenciaturas e sobre os cursos. Ou as escolas perderam caminho ou há algo novo que se deve analisar. Ter formações compradas a peso de ouro (três dias por 1500 euros por exemplo) é interessante se equipararmos aos custos com propinas. Mas sem propinas maiores as escolas não se podem sustentar pois o Estado reduz os gastos com ensino frequentemente. Os mesmos protestos com propinas são se ouvem na luta contra os custos de formações. O negócio de diplomas que credenciam para tarefas e criam milionários está em alta por esse mundo todo. Um enfermeiro inglês tira uma formação para puncionar vasos. Mas no curso português fazem-no sem titubear. Vai para Inglaterra – tem de se formar. Mais dinheiro para os bolsos de quem teve a ideia de patentear o curso. Estas patentes são sempre apoiadas por suportes legais que as tornam eloquência da qualidade. Há nisto tudo uma construção para um fim – a ganância por detrás da formação. A ideia é meritória e até em muitos casos excelente – formar melhor – mas a estratégia é sempre a de dar a meia dúzia o predomínio sobre um tema.
Este é o novo poder. O poder das instituições privadas formadoras. Com alguma curiosidade percebo que são raras as formações que credenciam com diplomas exigidos para tarefas que se fazem nas Universidades públicas. As escolas também não protestam que sejam exigidos diplomas com maior importância que as suas licenciaturas. Será que cursar o ensino superior é uma mediocridade ao lado de um diploma de trabalho de seis meses? Um gestor nasce de três formações caríssimas e não da faculdade de economia ou de gestão? Lá está o atraso com que as escolas se adaptam à modernidade.
A “verdade construída” para meninos vem destes detalhes que nos vão banhando e que não verificamos de modo sério. Constrói-se a partir de um bom pressuposto um conjunto de ideias que vão dar um negócio de vantagens monetárias restritas para alguns. Lá surgem os amigos formadores (sempre os mesmos). Lá chegam as necessidades em material específico (sempre o mesmo) e lá se constrói uma sofisticada maneira de fazer fortuna com a elevação da “ética ignorante” de todos.
Os exemplos maiores que conheço são o dos desfibrilhadores espalhados por todos os cantos do mundo e que não reduziram mortalidade nenhuma, nem o poderiam fazer – e todos concordarão que era urgente, importante, moderno e necessário – como toda a demagogia e ainda as vacinas contra a gripe das aves onde se previa a catástrofe, a praga, a peste aérea e deu em milhões de vacinas e dezenas de milhões de euros para o lixo e claro, a retirada do fio de cut-gut do manancial cirúrgico sem qualquer prova da sua evidência perigosa. Mas há dezenas de exemplos desta estratégia.
Hoje encontramos este espartilho ao emprego que ninguém questiona ou discute que são os diplomas e as formações. Como digo desde o início, montado sempre sobre uma óptima ideia mas construindo sempre o pecúlio de alguns no desenvolvimento dos restantes e sempre com mandato de alguém no poder, que por vezes desconfio ser familiar daquele que nos revela a importância do seu diploma.
Onde andam as Universidades nesta matéria? Serão negócios de professores públicos que encontram as omissões e criam janelas de oportunidade financeira? Não podíamos sair formados, licenciados e diplomados da origem? Bastavam as propinas!

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