Isabel Maranha Cardoso

Depois de um processo eleitoral chega o momento dos partidos políticos fazerem os seus balanços. Dir-se-ia que num sistema democrático, em que os partidos desempenham um papel primordial, as eleições são mesmo o momento de avaliação do seu desempenho. Marcam-se os congressos, os conselhos nacionais e outros, para analisar os resultados, tirarem conclusões e reverem estratégias, corrigirem-se trajectórias.

Desta vez e muito premente será o processo de reflexão do PSD. Quer pelas autarquias em que não ganhou, mas muito pelos resultados obtidos em Lisboa e Porto. Mais do que a escolha dos candidatos, que pode não ter sido a adequada, está a deriva de um Partido enredado num labirinto donde não consegue encontrar saída, desde as eleições legislativas em que perderam a maioria parlamentear e condições de governabilidade.

Nunca é bom para a democracia a fragilidade do principal partido da oposição… Ouvindo Passos na noite eleitoral o discurso mantem-se, teimosamente só vai deambulando pelas explicações vagas, num discurso vazio, onde não se vislumbra qualquer vontade de inverter a narrativa e o rumo.

Normalmente ninguém perde. Há sempre uma boa explicação para os resultados, sejam eles quais forem, bons ou maus, só que desta vez Passos perdeu mesmo e reconheceu-o. Perdeu mas manteve-se no labirinto do qual parece não conseguir sair. Enredou-se nas profecias, formalismos e estratégias, e esqueceu a social-democracia. E isso, os eleitores não lhe perdoam!