Opinião – Educação é o pilar do desenvolvimento

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                                     Paulo Júlio

Se tivermos de enunciar um dos principais problemas estruturais de Portugal e da Europa, o desemprego jovem assume uma preponderância capital. Claro que este problema muito europeu está ligado de forma umbilical ao débil crescimento económico que , por sua vez, se relaciona com a competitividade relativa face aos principais blocos económicos do mundo. Não há soluções mágicas nem fáceis, sobretudo numa geografia cuja população está envelhecida. Estas variáveis agravam-se quando focamos para o espaço português, cuja natalidade é a mais baixa da União Europeia, a dívida pública é uma das mais altas e os níveis educacionais , embora melhores, ainda comparam mal com a média da Europa. Acredito que somente com políticas estruturais de regime, transversais em toda a sociedade portuguesa e com objectivos de médio prazo, se conseguirá inverter este estado de coisas.
Não precisamos que todos os jovens que saem das nossas faculdades sejam empresários, mas precisamos que eles possuam mais conhecimento sobre organizações, dominem melhor a língua materna e o inglês, percebam que o esforço e a capacidade de realização de tarefas, vem sempre primeiro do que a eventual vocação. Precisamos fomentar a criatividade, a necessidade de debater ideias e a apreensão de que é importante ser diferente para acrescentar valor, para formatar o desígnio que deveríamos ter para os nossos jovens. Um programa com esta ambição, não tem carácter ideológico porque todos , da direita à esquerda, com certeza, pretendem mais emprego para os seus jovens , mais crescimento económico e mais desenvolvimento social. O programa de empreendedorismo nas escolas cumpre ou poderá cumprir um papel essencial na prossecução de uma sociedade mais capaz, mais instruída e mais dinâmica, porque trabalha com os jovens, desde tenra idade, aspectos básicos de formação e de conhecimento organizacional. Ser pontual, assíduo , responsável, criativo, atento, ter capacidade de comunicar , ver o mundo como horizonte, ser mais inconformado, não deixar para amanhã o que se pode fazer hoje, entre outras, são características que deveriam ser de todos.
O Dr. Francisco Banha acabou de escrever um livro que é um manual de como fazer isto nas escolas portuguesas, destacando o papel dos professores como atores protagonistas da mudança. Ele próprio nunca desistiu desta ideia, nem da existência de políticas locais e nacionais, onde o empreededorismo seja matéria ou pelouro transversal. No livro educação para o empreendedorismo, o Francisco Banha fala das oportunidades do futuro, faz o diagnóstico do presente e enfatiza que é necessário gerir e integrar todas as ações que têm em vista o desenvolvimento económico. Pode ser um sonho, mas é uma tarefa que permite agir do local para o global, com resultados que podem surpreender. Uma coisa é certa. Somente teremos melhores empresas com pessoas mais informadas e capazes e somente com mais empresas, cresceremos e atenuaremos os problemas estruturais, sabendo também do papel essencial que o Estado possui em todo o processo. Esta combinação de papéis entre o público e o privado , talvez possa ser a chave para um dia termos, uma economia de referência, com capacidade de reter os seus melhores talentos, que aproveite de forma mais intensa os seus recursos endógenos e a sua criatividade, criando simultaneamente condições para uma cultura de maior exigência e rigor.

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