Opinião: Música

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Hélder Bruno Martins

Hélder Bruno Martins

A Arte conserva um dos raros refúgios de consciência e humanidade. Na voracidade dos dias da nossa contemporaneidade, a possibilidade de podermos usufruir de Arte permite-nos superar o estádio psicológico em que nos situamos na esmagadora maioria do tempo – controlado pela mente (grosso modo) e que nos restringe a liberdade e a felicidade, que nos remete constantemente para o passado ou para o futuro e para o automatismo do dia-a-dia, que nos tolda o pensamento, causa stress, angustia. E é aqui que a Arte constitui um veiculo de superação, de religação ao bem, ao bom e ao belo. Mesmo que doa, mesmo que angustie, é este o meio pelo qual se ascende a um nível superior de consciência. É a purificação, a “lavagem da alma”. Assim evoluímos.
A Música é um comportamento expressivo profundamente humano que resulta dos contextos bio-psico-socio-culturais e, simultaneamente os estimula. A capacidade de alterar e interferir com os nossos estádios emocionais, sem palavras e simplesmente através do som (organizado esteticamente no espaço e no tempo) é verdadeiramente admirável. Voltei a constatar tudo isto por dentro desde há uns meses, desde que regressei à operatividade enquanto compositor e pianista. Mesmo sendo uma ciência hermética, apenas dominada por iniciados com longos anos e várias disciplinas de estudos, é uma arte acessível à fruição de todos os indivíduos em que cada um interpreta de acordo com o seu próprio e único contexto bio-psico-socio-cultural. Não sendo uma linguagem universal é um comportamento expressivo presente em todas as civilizações e culturas. Nos últimos anos, as neurociências e a neuromusicologia têm dedicado especial atenção à influência da música nos processos neurofisiológicos, nas emoções e na(s) inteligência(s). As neurociências têm assim provado o que Pitágoras e outros filósofos da Antiguidade Clássica defendiam e postularam: a Música é a linguagem do espírito. É a linguagem divina.
Em 1973, em Lausanne, o International Music Council da UNESCO instituiu o dia 1 de outubro como Dia Internacional da Música. A primeira celebração ocorreu em 1975. No sábado, celebrámos este dia no Centro Cultural de Tábua, a convite da Câmara Municipal. E há qualquer coisa de serenidade e ternura que acontece e ainda permanece. E tudo isto é tão simples.

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