Opinião – Assim, não vamos lá!

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Paulo Júlio

Paulo Júlio

A receita falhou. As receitas têm falhado. Esta é a sina de um País, o nosso, que continua a insistir nos mesmos erros e a colher os mesmos resultados. Quando se discute orçamento de Estado para o ano seguinte e quando nos dizem que a receita falhou, isso significa que vem aí mais do mesmo – aumento de receitas por via dos impostos. A receita falhou significa que o PIB não cresceu o que devia, ou seja, a economia não cresce, não há receitas, e como as despesas parecem gesso, isso significa que se vai estrangular mais a dita economia, num ciclo vicioso que parece não ter fim. No fim, o défice é ligeiramente menor e a dívida cresce. Porque quando as receitas não chegam para pagar as despesas, a diferença vai para a conta do que devemos. Este é um tema deste ano? Não, este é um tema desde que entrámos na zona Euro e teimamos em perceber somente o lado bom. O lado bom é o bloco económico e social, bem como a entrada de fundos comunitários para investir e reestruturar o País. O lado mau é que não conseguimos crescer. Portugal tem uma média de crescimento anual , nos últimos 15 anos, na ordem de 1%. Ocupamos o fim da lista. Não crescemos, não criamos emprego, não nos libertamos de uma carga fiscal que roça a imbecilidade para a classe média, não criamos riqueza suficiente para criar um modelo de sociedade que deixe de viver com salários baixos. Parece sina. E quando parece que já conseguimos dar a volta , facilitamos, tendemos para experimentar, outra vez, o velho modelo de uma sociedade que vive do Estado e para o Estado, dando os sinais errados para todos os que poderiam ajudar a mudar. Precisamos de atrair investimento, mas mudamos as regras do jogo, retiramos incentivos e damos palco a opiniões retrógradas sobre a economia e as empresas. Precisamos de criar oportunidades de emprego para os jovens, mas a norma que isentava a taxa de segurança social das empresas que os contratassem sem termo, é substituída por outra em que se passa a pagar metade da mesma taxa. Precisamos de exportar mais, mas a mensagem política principal é a o aumento do consumo interno que, por sinal, também não aconteceu. Está tudo mal? Claro que não, mas no básico continuamos a navegar à vista, a dar primazia à gestão política circunstancial e a não perceber o que se passa no mundo. E não precisamos de ir para longe. Espanha está a crescer cerca de 3% e Portugal não descola das décimas. Em 2017 não se passará nada de novo. A única variável positiva é que o défice descerá qualquer coisa. A má notícia é que será à custa dos mesmos de sempre. Falhamos previsões, mas insistimos nos mesmos modelos de não valorizar o trabalho, achando que isso não é próprio da modernidade. Só há modernidade , com recursos, assim como só há social democracia com criação de riqueza. De outro modo, é o empobrecimento geral. E quando assim é, as pessoas vão-se embora, à procura de oportunidades melhores.

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