Opinião – 3, 2, 1, 0 – apertem os cintos !!!!

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Paulo Júlio

Paulo Júlio

 

Esta foi uma semana pródiga em acontecimentos que resultaram em sentimentos contrastantes. De um lado, a imensa alegria e a manifestação, sempre boa, de patriotismo provocado pelas vitórias da seleção portuguesa no europeu de futebol. Faz e sabe bem ver as várias gerações aos abraços, em torno de algo comum que é muito mais do que futebol. Do outro lado, a constatação de que o País não vai bem, vai crescer menos do que o previsto e , sobretudo, menos do que necessitaria, somado ao facto da União Europeia não estar a viver momentos auspiciosos, sublinhados por declarações irresponsáveis do Ministro das Finanças da Alemanha que tem de ter muito mais noção da importância das suas próprias palavras.
De qualquer modo, fazendo a resenha do que foi sendo feito e do que se discute em Portugal, o “dono” de um Estado muito endividado e de uma economia que sofre pela falta de notoriedade e prestígio do próprio país, por esse mundo fora, a situação não é famosa. É quase irónico que um Estado que precisa de se reabilitar tenha um Governo cujas principais medidas simbólicas foram a redução do horário de trabalho dos seus funcionários, ou melhor, de alguns, a reposição de um conjunto de feriados, a introdução de uma discussão estéril na esfera pública sobre a redução em mais de 12% das horas de trabalho no sector privado, a redução, a partir de ontem, do IVA sobre a restauração (sempre fui contra ao seu aumento pelas consequências no encerramento de muitos restaurantes, mas agora é ainda mais absurdo fazer o movimento oposto, porque retira receita ao Estado e não provocará mudança em nenhum dos nossos comportamentos), entre outras declarações ziguezagueantes que deixaram todos os potenciais investidores nervosos.
É claramente a agenda da sobrevivência política, porque se António Costa governasse com uma maioria parlamentar socialista, quase de certeza, não estaria a fazer isto. É claramente a agenda de partidos extremistas que não percebem nada do que se passa no mundo. Ou porque não conhecem ou porque não querem saber.
A última discussão pública é a criação de mais juntas de freguesia, depois de um processo de redução e de adaptação dos autarcas a esta nova realidade. Claro que o que o nosso país precisa mais, é de mais órgãos administrativos, mais cargos políticos e mais complexidade na gestão do território municipal. Qualquer um de nós quer mais disso porque sente falta disso. Aliás, a maioria de nós nem dorme com essa expectativa. Agora, estava a ser irónico. Na realidade, depois de um processo de redução de órgãos autárquicos, redução de cargos políticos, simplificação de processos e redução de chefias camarárias, nova lei de financiamento e de execução de despesas que, tudo junto, está a conduzir ao poder local democrático menos endividado e , por consequência, mais consistente deste século, o que precisamos mesmo é de andar para trás.
É certo que o governo já veio dizer que esse assunto é somente para depois das autárquicas do próximo ano, mas isso não impede que meia dúzia de responsáveis políticos nacionais e locais, já não consigam pensar noutra coisa e, claro está, em lugar de se focarem no que importa para os cidadãos, estão mais focados , digo eu, no que importa para cada um deles. Se não juntarmos alguma ironia, ficaremos todos à beira de um ataque de nervos com tanta irresponsabilidade.

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