Em 2018, haverá 7 países que crescerão menos do que Portugal, em % do Produto Interno Bruto. Em 28 países da União Europeia, portanto, 20 países crescem mais do que Portugal. Eu não sei qual é a escala de satisfação do nosso Governo, mas este dado não me parece nada satisfatório para, pelo menos alguns dos seus componentes, se arrogarem a uma espécie de milagre económico português.
Para termos referências, a Irlanda crescerá 5%, sendo a líder do crescimento económico, a Espanha crescerá 2,8%, a Polónia 4,6% e a Finlândia 2,8%. Portugal crescerá 2,2%, ficando à frente da Alemanha, Itália, França, Grécia, Bélgica, Dinamarca e Reino Unido. Reparem que os 5 grandes países da UE, em termos demográficos, crescem pouco e evidentemente influenciam o crescimento médio de tal modo que nos deixam 0,1% acima da média de crescimento europeia.
É óbvio que apesar do Turismo, apesar dos juros excepcionalmente baixos, de termos saído de um período de crise financeira, Portugal não tem um bom desempenho. Se juntarmos o outro lado da análise que mostra uma divida pública demasiado elevada, serviços públicos em exaustão e com verbas cativadas pelo Ministério das Finanças como nunca tivemos em Portugal, o estado desta nação não é propriamente recomendável. O Governo insiste num discurso de agarrar a esquerda quando se trata do Estado, não se importando de afirmar que, afinal, apesar de tudo, estamos melhor do que “nos tempos da Direita”. Nunca gostei muito desta dicotomia de esquerda e direita, mas não suporto demagogia empacotada no Largo do Rato.
A dita “Direita”, seja lá o que isso for, salvou o País e o Estado que é de todos os portugueses e não de uma dita Esquerda. E salvou, com efeitos colaterais e com erros, depois de um Governo de “Esquerda” liderado por socialistas nos ter levado a um pedido de ajuda externa. Este discurso de embalo e refugiado em supostos méritos e milagres económicos, sustentado por um Governo que se segura graças aos postos parlamentares do PCP e do BE, num equilibrismo venerado por alguns, só poderia dar nisto.
É verdade que o PSD anterior falou no Diabo que, afinal, não veio, o que é bom para todos os Portugueses. Daí a acharmos que estamos bem e que temos futuro melhor do que tivemos passado, vai um enorme salto. A nossa economia faz o que pode, atendendo aos recursos disponíveis, ao nível médio de educação e à cultura organizacional e empresarial existentes. E, claro, atendendo à enorme carga fiscal que cresceu em demasia nos tempos da Troika, mas que continua alta, seja por impostos diretos ou indiretos.
Continua tão alta que constitui a par da burocracia do Estado, fatores suficientemente graves para não a deixar crescer mais. Somado a tudo isto, não compreendo a diplomacia política exagerada da parte do maior partido da oposição. Um País como Portugal deveria ter um Estado ágil que não demorasse meses ou até anos, a aprovar um projeto ou uma candidatura, na maior parte dos casos, por falta de meios e de organização. Deveria ter um plano de redução de impostos para libertar a sociedade de um fardo que prejudica a economia e, por consequência, o próprio País.
Quando se discute o estado da Nação dever-se-ia poder vislumbrar como será daqui a 10 anos. Arrisco a dizer que o que mais desejamos é que nos próximos 10 anos não passemos novamente por um ciclo de crise e de ajuda externa porque não merecemos isso. Mas, como para o ano haverá eleições, o móbil que faz andar “o mundo político” da capital, não há muito que aprofundar. Já percebemos onde vai assentar a ideia de quem governa, mistificando , sempre que for possível a realidade e enfatizando “ou nós ou a direita da Troika”, lavando as mãos como Pilatos, das responsabilidades que tiveram.
Do outro lado, confesso que ainda não percebi onde está a ideia, apesar de ainda faltar algum tempo para se encontrar um discurso consistente de alternativa a estas políticas “mais ou menos”, de défice baixo à custa de desinvestimento total e de uma economia que vai dando para isso, mas que poderia dar para muito mais. E este é o estado desta nossa nação, onde as preocupações sectoriais comandam a vida e temos (só) 20 países a crescer mais do que nós, num universo de 28, mesmo sem direita, sem Troika, sem juros altos e com muita propaganda à mistura.