Opinião – Valha-nos São Francisco!

Posted by
Spread the love
Hélder Bruno Martins

Hélder Bruno Martins

No que toca à cultura e às artes, parece que Coimbra começa agora a acordar da letargia a que se entregou durante muitos anos, deixando-se adormecer à sombra da torre da Universidade de Coimbra.

Dessa forma, a cidade acabou por ficar arredada dos circuitos nacionais e internacionais das artes e da cultura. E, com isso, institui-se uma ideia de polis que Coimbra não merecia. Congressos científicos, culturais, concertos, peças de teatro, artes performativas, tudo isto passou por cima de Coimbra, entre Lisboa e Porto, Guimarães e Braga, Viseu e Faro…

As estruturas artísticas e culturais da cidade – muitas, diversificadas e de qualidade – foram, durante anos, os principais movimentos de resistência contra um certo alheamento social generalizado face ao circuito nacional e internacional da arte e da cultura. Coimbra não só merecia como se exigia que marcasse o seu posicionamento, o que não deixa de ser um fenómeno estranho: a Universidade de Coimbra e o seu legado são antagónicos da situação a que se chegou.

Não há polis sem arte e sem cultura. A perda de importância social, política e económica da cidade ao nível nacional foi consequência e é reflexo (também) desse afastamento.

Evidentemente, nunca é tarde para implementar projetos e medidas que visem contornar e corrigir esta orientação. A existência de um equipamento como o Centro Cultural e de Congressos – Convento de São Francisco reúne as condições materiais e imateriais para tal.

No último fórum “Vê Portugal”, co-organizado pela Turismo Centro de Portugal e pela Câmara Municipal de Coimbra, parece-me ter ficado clara a importância dos circuitos internacionais das artes e da cultura para a promoção do progresso das cidades. Os exemplos apresentados pelos próprios responsáveis pelo turismo de países como Itália e Espanha, ou de cidades como Barcelona, assim o confirmam.

E se Barcelona sofre, hoje, devido ao seu mediatismo, com o funesto turismo de massas, Coimbra e a região poderão criar uma dinâmica diferenciadora e distinta que de alguma forma desvie o turismo de massas. E a este respeito as artes e a cultura possuem as características necessárias para diferenciar e distinguir a cidade do resto do mundo.

O Convento de São Francisco constitui-se como o elemento aglutinador, por um lado, e multiplicador da oferta cultural e artística da cidade, por outro. Serve a cidade de Coimbra e toda região. Terá uma missão difícil nos próximos tempos: o de colocar Coimbra no circuito nacional e internacional.

Necessita de convencer o público – que, pelo que tenho constatado, estava sedento – mas também os artistas de renome internacional (garantindo-lhes que Coimbra e a região sabem receber e merecem tê-los). O selo da UNESCO, o património (material e imaterial), a ciência, a cultura e o conhecimento são, por si só, elementos diferenciadores e distintivos desta cidade belíssima e desta região repleta de recursos ímpares. Somos nós que devemos estar à altura da cidade e da região.

Temos, todavia, um grave problema: Coimbra e a região não possuem uma plataforma de transportes capaz de promover a mobilidade no seu território. Veja-se o caso do Ramal da Lousã que tão pernicioso é para a economia (onde se inclui, obviamente, o turismo)…

Em resumo, estou muito feliz enquanto cidadão desta região. Estou otimista!

Valha-nos São Francisco!

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.