Esta máxima já vulgarizada, inspirada no pensamento cartesiano “penso, logo existo”, é um postulado crítico à filosofia positiva de René Descartes. E não deixa de ser pertinente. A nossa matriz cultural leva-nos a identificar-nos deste modo: “penso, desisto”. “Se é bom, não é para nós”, “se é muito difícil, é melhor esquecer”, “não sonhes, desce à terra”, “não penses, …”.
É um facto que ideias e palavras não são suficientes, mas também é verdade que nada se faz sem ter sido primeiro sonhado, imaginado, pensado. E se tudo o que existe hoje no mundo é resultado da imaginação e da criatividade – do “pensamento criativo” – torna-se evidente a necessidade imperiosa de continuarmos a sonhar, a imaginar, a pensar.
A este respeito agrada-me particularmente a filosofia de Jean-Paul Sartre e as suas produções acerca da Consciência Imaginante e todos os conceito relacionados.
José Gil, na sua obra Portugal, Hoje – O medo de existir (Relógio D’Água, 2007 ), expõe e esclarece quais as características psico-socio-culturais que, para si, se constituem como fortes barreiras para o desenvolvimento do país. A famigerada “mentalidade”… E é por isso que costumamos desistir. “Pensamos, logo desistimos”.
Nada mais apropriado do que começar o ano a sonhar, a imaginar assumindo desde logo o sentido pragmático da ação para a mudança (para melhor!). Sonhar, imaginar, pensar e nunca desistir. Difícil: muito. Perder: sim. Desistir: nunca.