Opinião – Pensar nos médicos e naqueles que servimos!

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Cesário Andrade Silva

Cesário Andrade Silva

São precisamente 14:47 e acabei de ver na TV nacional, a morte de um jogador de 26 anos ocorrida no campeonato Romeno de futebol que após sete minutos em jogo, sofreu uma paragem cardio-respiratória e foi socorrido por, supostamente, elementos da equipa de saúde do clube e em seguida por sabe-se lá Deus quem!…

O que me horrorizou foi perceber que nesse País não há uma Instituição chamada INEM ou um número de emergência médica pois tudo o que foi feito (e revejam as imagens) é a antítese do que se poderia ter feito para salvar aquele homem que provavelmente em Portugal e nos tempos de hoje, não teria morrido. Provavelmente. Mas eu que por vezes, me insurjo contra as atitudes e actos do nosso INEM, tive como cereja no bolo que quem viu e deu o homem como morto, foi, pasme-se, um colega de equipa.

E também fico surpreso como é que a nossa comunicação social vai logo dando a notícia sem perceber o chorrilho de asneiras que diz ao, creio eu, traduzir e emitir sem se dar ao trabalho de falar com um médico ligado à emergência que pudesse dar uma panorâmica do que aconteceu e como se morre quando o atraso no desenvolvimento atinge um País que ainda por cima é Europeu de pleno direito. Se me contassem sem dizerem onde foi, admitiria que fosse em África ou na Ásia menor. Por cá o conjunto de factos, levaria de certo (e vejam o vídeo, verdadeiro “Hino” de asneiras numa PCR) em Portugal à demissão do director interino do INEM.

E continuo sem perceber a quem interessa esta guerra de escola pública versus escola privada. O governo já explicou que só haverá transição em caso de vagas na escola pública, que nenhum aluno irá para outra escola antes do final do ciclo mesmo que haja vagas e que está a cumprir o acordo que foi feito. Os argumentos das escolas são que há risco de despedimento, sim pode ser verdade mas isso é o risco próprio do investimento privado, pois estamos numa época de visão capitalista ou não? Depois, cada vez que faço contas, acho um absurdo o que o Estado paga por ano e por turma, 80.500€/ano, parece-me demais, pois dá 6.707€/mês?!…).

Provavelmente, os professores dessas escolas devem ganhar uma fortuna, pois é sabido que depois, os pais ainda pagam muitas das despesas que os filhos têm com a escolaridade ao longo do ano. Já tive os meus em escolas privadas mas paguei do meu bolso, ponto. Quem quer privado numa sociedade onde a maioria quer escola estatal, onde contratos de associação não querem dizer Direito à Escolha, deve pagar, parece-me simples. Aliás por muito que doa a muitas dessas escolas, elas são depois trampolim para a entrada em cursos mais exigentes como Medicina, e da investigação realizada pelo ME há uns anos atrás a propósito do número inusitado de alunos privados que entram em medicina, nunca se soube as conclusões.

Em resumo, em tempo de vacas magras, com vagas nas escolas públicas, nem percebo o porquê desta guerra. E daqui a quatro anos, podem sempre escolher um Governo com uma visão diferente. Têm é depois, estas mesmas pessoas, de ser coerentes com as outras decisões dos Liberais.

E saiu finalmente para discussão pública o novo Estatudo Disciplinar dos Médicos. Aconselho os Colegas a lê-lo pois será ele a balizar nos próximos anos a nossa conduta e esta é altura para dar sugestões e melhorar o articulado. Séria, parece-me também a proposta do PCP sobre os incentivos aos médicos reformados ou a caminho da mesma para não sairem do SNS, incentivos salariais mas também logisticos e englobando a família, quase parece o anúncio do Governo Dinamarquês mas é um documento bem estruturado e pensado para um problema grave.

E no domingo (em pleno cortejo da QF) se alguém duvidava da mudança climatérica em curso, deve ter perdido as esperanças. Tivemos tempo como se num país africano estivessemos, chuva por minutos, seguida de sol e imediatamente a seguir mais chuva. Quem esteve em África, sentiu-se regressar a casa. Parecia mesmo um dia em Luanda de que me lembro em miúdo. Isto está mesmo em mudança acelerada. E nós ainda não começamos a fazer nada embora o acordo climatérico de Paris, ractificado na ONU por 175 países seja um raio de esperança, tenho dúvidas na Honestidade Humana. Muitas mesmo, pois já há em 1979 a minha professora de Ecologia alertava para estes mesmo problemas e passaram 37 anos, logo!..

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