Opinião – Pensar nos médicos e naqueles que servimos!

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Cesário Andrade Silva

Cesário Andrade Silva

São 6:33, cheguei agora do quarto da minha princesa mais pequena que aconcheguei e dei beijinho, ela que acordou a meio da noite e que adormeceu mais tranquila, pois o pai, já está em casa.

Regresso a Coimbra ao fim de mais de doze horas desde que saí à tarde e, após uma reunião de médicos na Guarda. O local está-me no sangue pois a minha família materna é do distrito, a paterna de Mangualde, pelo que passei grande parte da minha vida a calcorrear as estradas que ligam Coimbra, Viseu, Mangualde, Aguiar-da-Beira, Trancoso e Guarda.

Acreditando sempre, que o país é bonito e único no Mundo, em termos paisagísticos, gastronómicos e emocionais, é na Beira que me sinto em casa, onde fico tranquilo e sei que posso contar com as suas gentes, pois como bom beirão, todos os nomes que há na aldeia e onde passei momentos inesquecíveis, são no limite, meus primos.

Os meus pais, tios, avós e primos sempre me introduziram mais um primo que já era primo de outros, é uma grande família. Pelo meio das emções que sempre me afloram nas vindas a este pedaço de paraíso, lamento a ausência, por doença, da São Vaz Patto, minha amiga e elemento fundamental na organização do jantar e da Cristina Freitas que não pude visitar em Castelo Branco porque agudizou o que na véspera parecia, simples. Vá-se lá confiar nos vírus.

Num jantar onde o rei foi um vinho da escolha pessoal do Augusto Lourenço, pudemos saber de alguns problemas do distrito, desde a existência de um aparelho de RMN, parado e sem rentabilidade, à ausência de internos em serviços de qualidade, não se percebendo porque razão a OM o fez, pois dar a idoneidade a um qualquer serviço, é sempre mais difícil que a manter, o excesso de horas de trabalho por parte dos internos, o não usufruir do descanso compensatório, obrigatório, porque no interesse dos utentes/doentes em nome, dizem-me, da incapacidade dos serviços em permitir o dito descanso, e não comprometer o seu funcionamento; os baixos salários, a pouca informação jurídica e sindical e a necessidade de conciliar a formação com as vidas pessoal e familiar são problemas, que ouvimos com atenção.

Por timidez e/ou ausência de problemas, o que até pode acontecer, ninguém da MGF interrompeu a tertúlia que, nos comprometemos a repetir, no momento mais oportuno. Termino com uma referência a uma Interna do serviço do Jorge Correia (ele que não veio ao jantar por estar de urgência), que no seu serviço, claramente fora de horas, ainda se debruçava sobre um caso, no seu terminal informático de um hospital que sempre me surpreende pela modernidade, pela dimensão e agora também pela ausência de uma visão estratégica e global entre o público e o privado no que à Imagiologia diz respeito. Fico ainda, atónito, com o que o Reino da Dinamarca se propõe pagar aos especialistas de MGF (oito mil euros de acordo com o site da OM), e onde se inclui regalias que abrangem a família e a formação.

E nem percebo o que foi a Maria, interna do CHUC, fazer a uma reunião à Guarda, ela que já deve estar arrependida de me ter dito um dia, que estava disponível para colaborar na organização, no pensar, no ouvir e no criar de uma alternativa que sirva primeiro os médicos e por afinidade aqueles que servimos, os utentes do Sistema Nacional de Saúde, sejam eles do SNS e/ou beneficiários de qualquer sub-sistema e onde, sejamos pagos por sabermos qual o parafuso a apertar e não pelo preço do parafuso, pois se há dinheiro para o ordenado e para os prémios por atingir objectivos do CEO da EDP. Nós como líderes ou chefes de equipas também o deveríamos merecer.

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