Opinião – Sem boa vista

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Gonçalo Capitão

Gonçalo Capitão

Percorrendo com a alma doída (e quase doida) as redes sociais, vejo que sobre a Briosa há um denominador quase comum: as críticas – algumas com alto teor de bílis –concentram-se na Direcção, ostentando o alegado cuidado (“gaba-te cesto”) de não criticar os jogadores, em homenagem a um putativo efeito desmoralizador que pretende evitar-se.

Ora bem, vamos por partes: em primeiro lugar, considero de uma presunção imperial a ideia de que as palavras de um qualquer associado que não detenha cargos de directa intervenção na equipa podem desmotivar uma equipa profissional ou mesmo qualquer um dos seus atletas (recomendo aos que assim pensam uma rápida transição para o proselitismo religioso, dado o carisma presumido).

Em segundo lugar, feita com correcção, uma crítica pode ser, a mais de um exercício de liberdade, um elemento de motivação para o visado, que pode bem empertigar-se para mostrar a falta de fundamento daquela.

Vem isto, evidentemente, a propósito da última partida com o Rio Ave, que esgotou reservas pessoais de contenção já muito debilitadas por uma série de partidas em que, desde logo, ressalta uma nota evidente: o sector defensivo da Briosa é claramente responsável por muitos dissabores, por falta de elementos que permitam outros voos. Claro está que se seguirmos para o meio-campo de contenção e para o departamento de construção também não se perderia com outra infusão de talento ao nível recursos humanos…

Note-se, porém, que nem por um só momento ponho em causa o profissionalismo dos atletas que “estão”; critico, isso sim, a circunstância de ter visto todas as demais equipas tentarem colmatar as suas lacunas (com aparentes resultados matemáticas, à excepção do caloiro primodivisionário), ao passo que na Académica entrou apenas um atleta (abençoado FCP que, faça chuva ou faça sol, nos vai amparando).

Acresce que cumpre explicar certas apostas desportivas de início de temporada: Se a explicação é falta de recursos, então cumpre perceber se está esgotada a capacidade de angariar; já se a explicação é exclusivamente desportiva, então o caso pedia assunção de responsabilidades pela estrutura do futebol profissional (eis o duplo lado dos segundos de exposição televisiva…).

Mas que não se ufanem em demasia os críticos crónicos. Não vi, nos últimos largos anos, um projecto alternativo com consistência, mormente ao nível económico, plataforma em que se joga o sucesso do futebol hodierno.

Não basta repetir os chavões “formação”, “pertence aos sócios”, “estudantes” e outras expressões de aplauso garantido para que se possa falar em alternativa sólida.

E creio que, por muito que a longevidade possa e deva discutir-se, o Presidente da Académica tem inquestionável amor à instituição e é a cara de muitos sucessos (digo-o no sentido de equilibrar o debate, e não com o fito de o eximir das inerentes responsabilidades).

Por enquanto, é assistir aos jogos como posso, contar com mais inspiração e torcer pela desgraça alheia…

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