Opinião – Interrogar para não esquecer e esclarecer

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Norberto Canha

Norberto Canha

Hoje, às cinco da manhã, aparece-me em sonhos um mensageiro; sem dizer uma palavra entrega-me um maço de tabaco que tinha pouco ou estava vazio e, um papel amarelado, pelo tempo, onde não vi nada escrito.

Interpelei como sendo uma mensagem do meu filho, que morreu de cancro do pulmão e que escrevesse. O mensageiro desapareceu e não pronunciou uma única palavra. Eu não voltei a adormecer!

Estabeleci ligação com o que se tinha passado no Penedo da Saudade. Estava sentado num banco, a reler a palestra que iria pronunciar no anfiteatro dos HUC, no dia seguinte, 14-09-2015, às 08H00 da manhã, à frente do gravado numa pedra (extrato do poema Uma Geração) aquando da reunião do curso de 1949-54. Surge um jipe moderno, saem de lá três pessoas, dirige-se a mim um, conhecido e amigo, cumprimenta-me e faz a apresentação de uma senhora que o acompanhava, deveria estar na quarta vintena da vida. Aparência latina e de um jovem da primeira vintena, loiro, que só fava inglês.

O meu amigo, o guia, salientou logo que só poderia ser em inglês a conversa, que tinham pressa, não podiam demorar. Ocorreu-me mostrar-lhe a palestra, ele traduziu e eu salientei o que era possível fazer.

A senhora, depois de me ouvir, exclamou “publique, publique, não se podem perder esses conhecimentos”. Despedimo-nos com afecto. Pensando no que acabava de ouvir, segui pela alameda júlio Henriques, entrei no Jardim Botânico, e entristeceu-me a estátua do grande botânico Brotero, estava tão ou mais suja que algumas das lápides do Penedo.

Não pode ser assim! Caminho, entro na Venâncio Rodrigues, pelas Escadas Monumentais, e depara-se-me, a sair da discoteca, 11 da manhã, em fila indiana, com olhar apagado, mortiço, ou devido ao ruído estridente que ainda persistia, ao álcool, ao sono, oxalá não fosse à droga. Caminho, entro na ACM, e depara-se-me uma senhora, a aproximar-se da quinta vintena, que me disse que mora perto e que o INEM foi lá buscar à rua dois frequentadores para os levar para o hospital. Diz-me, então, tipo pergunta: não será que o presidente da câmara e o reitor devam intervir?

Calei-me, mas acho que deveria intervir também o Ministério Público; racionando medicamente, deve-se dar prioridade à Medicina preventiva, pois quanto à curativa há sempre dúvidas quanto à segurança do êxito. Apelamos para os três, que são os que poderão fazer alguma coisa!…

No ACM, volto à porta da entrada para ver se chegava a minha mulher para irmos almoçar. Olho para o pátio da entrada; tantos o vêem e ninguém faz nada. A erva estava seca, a terra sequíssima – tal como o nosso país, em agonia, mas ainda vi uma rosa e uma flor, cuja planta desabrocha da terra neste instante, igual às que tenho no jardim.

Agora que Coimbra é Património Material da Humanidade (Alta e Rua da Sofia) é altura de merecer um Prémio Nobel, para despertar Coimbra e com ele despertar Portugal, para que volte a ser um país de esperança. Foi o 1.º Império pluricontinental e o último império – vieram 1.200.00 retornados ou náufragos do império!. Todos foram acolhidos como irmãos. Que o espectáculo dos migrantes africanos, que querem paz, saciada a fome, e que ultrapassam o Mediterrâneo aos milhares, sejam acarinhados, e volte-se a África, não escrava do capital, mas em prol da harmonia entre as Nações e religiões.

O que se passa tem que terminar!
Hoje, a Europa
– escandalizada mas enconchada –
Com o sofrimento dos migrantes:
Que se atiram ao mar e se afogam;
Que lhes é recusado o atravessar fronteiras,
Com o padecer dos que os não podem receber…
– Horrorizados com os militares que surgem,
não para os amparar e acolher,
mas impedi-los de prosseguir.
Que civilização é esta?
Eles quererão Paz… Trabalhar e carinho…

Não será que terão que ser alteradas as normas comunitárias sobre investigação, para que seja possível ganhar um Prémio Nobel e ressurja, como passado, a nossa confiança e alegria no futuro?

Esta interrogação e o Esclarecer dirigem-se às excelentíssimas comissões de Ética da FMC e dos HUC e magnífico Reitor. Que esclareçam e opinem… Que as normas comunitárias no nosso país tenham a adenda da italiana, “que para fins académicos as normas não se aplicam”.

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