Uma das notícias que animou este início de Agosto, em Coimbra, foi a abertura de dois novos hipermercados. E eu, correndo o risco de ser mal interpretado, não vejo que o assunto contenha novidade ou serventia para ocupar sequer um pé de página.
Porque numa cidade esclarecida, em pleno século XXI, a abertura de um hipermercado é um assunto da mais absoluta banalidade. E porque, na minha modesta opinião, desde, pelo menos, o início dos anos noventa, que não há paciência para que se discuta, a este propósito, “o futuro do comércio tradicional”.
Sejamos claros. Vinte anos depois da abertura do primeiro “grande” Centro Comercial em Coimbra, no Vale das Flores; e quase dez anos corridos sobre a abertura dos outros dois, na Solum e em Santa Clara, a única coisa que há para saber é se os desafios foram, ou não, ultrapassados pelo comércio tradicional. E, mesmo sem ter no bolso um estudo académico sobre o tema, julgo que a resposta se alinhava mais ou menos assim.
Nos casos em que à mudança se respondeu com resistência e desconfiança, a resultado terá sido quase sempre uma desgraça. Nos casos em que a mudança gerou mudança e vontade de fazer melhor, o resultado só pode ter sido positivo. Não que eu deposite grande fé na mão invisível do mercado. Mas também não tenho grande paciência para um certo tipo imobilismo.
E isto, aliás, é tanto mais verdade quanto o crescimento do chamado “mercado da saudade” – seja em Lisboa com os quiosques da Catarina Portas, seja em Coimbra com o Fangas da Luísa Lucas – demonstra bem como é possível ter sucesso no comércio tradicional reinventado, no coração das cidades e longe dos centros comerciais.
Fora disto, acho que o discurso político deve ser muito cauteloso, sobretudo se quiser resistir ao populismo e ao paternalismo, que sempre prestaram um péssimo serviço à cidade.
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