Hélder Rodrigues

1. O papel chave dos órgãos da Comunicação Regional

Coimbra e a sua região parecem estar a ganhar uma nova dinâmica que me apraz registar. Basta consultar a Imprensa Regional para chegar facilmente a essa conclusão.

Para quem está atento e informado, todos os dias somos surpreendidos por iniciativas, novas actividades ou até prémios conquistados em áreas tão diversas como o ensino, a saúde, a investigação e desenvolvimento, as novas tecnologias, a vida empresarial, a solidariedade social, a cultura.

Coimbra numa altura de crise aguda como esta que estamos a viver, parece estar a ir buscar forças adormecidas e capacidades renovadas que fazem parte do seu código genético.

Uma transformação que os órgãos de comunicação das grandes metrópoles ignoram ou preferem ignorar, envolvidos que estão nas grandes questões e interesses que mais directamente os envolvem e asfixiam.

Que magnífico papel estão a desenvolver os órgãos de comunicação a nível regional no sentido de informar, esclarecer, envolver e dinamizar os cidadãos na vida da sua cidade e da sua região!

Não tenho dúvidas que este papel, desempenhado com isenção e qualidade, está a ter reflexos preciosos na cidadania, na coesão interna e na solidariedade social da Região.

2. A sessão cívica a que assisti

No mês passado assisti a uma sessão cívica, realizada no Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra (UC), intitulada “Em Defesa da Constituição, da Democracia e do Estado Social”. Gostei daquilo que ali foi dito. Representantes da esquerda à direita, com o mesmo ponto de partida (a grave situação actual) e os mesmos objectivos globais (a sua melhoria), apresentaram caminhos e soluções diversas, como é natural em Democracia. Ainda por cima em Coimbra, cidade do conhecimento, onde aprendemos a pensar pela nossa cabeça, a cultivarmos o espírito de independência e rebeldia perante as iniquidades!

Mas gostei sobretudo da forma atenta e responsável da assistência que ouviu e aplaudiu, sem subserviências, os diferentes projectos de acção, não tendo em conta a sua origem partidária, dando dessa forma, prova cabal da sua maturidade cívica.

Observando atentamente a assistência vi; professores e estudantes, profissões liberais e funcionários, políticos e empresários, jornalistas, reformados. Se conseguisse perscrutar a sua alma teria visto; necessidades, insatisfações, desespero, angustia, confusão, cepticismo, contradições. Mas ao mesmo tempo; compreensão, tolerância, solidariedade, fraternidade, esperança no futuro e sobretudo vontade de modificar a situação.

Serenamente, contei-os. Cerca de 500 cidadãos que tinham vindo exercer o seu direito e dever de cidadania. Amanhã seremos 5000 e porque não 50.000? Nessa altura teremos uma cidade e uma Região melhor, porque seremos melhores, mais responsáveis, mais interventivos na vida da Pólis e do País.

3. Mas não podemos ficar pelas palavras!

Saí dali com uma certeza! O espírito de Coimbra que nos une a todos manifesta-se na sua exuberância nos momentos de crise. Quando verificamos que chega o momento da verdade e sermos tudo o que somos!

Um sentimento muito mais forte e profundo que as simples e epidérmicas opções políticas! Temos as mesmas Recordações e Memórias, andámos na mesma escola, liceu ou faculdade, temos amigos íntimos comuns que adoramos, estivemos todos a apoiar a Académica no Jamor.

Esse “Espírito de Coimbra” vai-nos ajudar a construir uma cidade e uma região mais forte, dinâmica, ousada e moderna que seja uma referência nacional na ultrapassagem das questões que nos estão a afectar!

Mas, atenção! Não podemos ficar pelas palavras, pelo mero enunciar das questões. Senão é um mero exercício rectórico, uma radiografia igual a tantas outras. Há muitas coisas a fazer pela nossa Região, pela nossa Cidade. E se quisermos por mãos à obra, vamos ser capazes de o fazer!