Opinião – A festa do desemprego

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Ricardo Pocinho

Ricardo Pocinho

Os recentes dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para o agravamento dos níveis de desemprego no ano de 2013, contrariando assim as notícias que o Governo tem trazido a público, quase sempre acompanhadas de fanfarra, de que o número de desempregados em Portugal é hoje menor. Pois quem faz pouco aproveita para se vangloriar de tudo.

Naturalmente que um desempregado a menos deve ser para todos motivo de satisfação, mas não de euforias desmesuradas, que são apagadas por estas bandas com uma simples passagem num qualquer “centro de desemprego”.

O discurso que marca a atuação deste governo é absolutamente desadequado, pois não tem em conta todos os indicadores disponíveis e muito menos as reais dificuldades que continuamente são impostas, e diariamente vivenciadas pelos desempregados e as suas famílias. Esta situação é tanto mais grave, se tivermos em conta que há já um elevado número de desempregados que não recebe qualquer prestação de desemprego, vivendo em condições absolutamente desumanas, muitas vezes só ultrapassadas pela caridade. Nada tenho contra a solidariedade, mas sou não sou a favor de um país em que esta seja a única forma de subsistência de muitos.

Num país com pouca capacidade para gerar emprego, vão aparecendo aqui e além alguns postos de trabalho onde as condições tendem a agravar-se. Pagar pouco por muito trabalho e mão-de-obra qualificada é a cláusula mais importante da relação, conseguindo com este feito uma posição entre os piores da União Europeia.

Inversamente ao ilusionismo – neste caso é o Coelho que tira o mágico da cartola – com uma habilidade ímpar de ocupar desempregados em cursos, estágios, percursos e outras medidas dignas de um estado onde flexibilidade se confunde com precariedade, vale tudo. Pois a procura é muita e o povo precisa de pão. O desemprego tem de ser merecedor de elevado respeito, pelos que governam e por aqueles que fazem deste triste acontecimento machado de guerra para quando houver rotação de cadeiras.

É importante, mais do que anunciar descidas quase nulas dos números e comparações sobre períodos homólogos, com isso festejando, solidarizar-se com os muitos que não têm emprego, nem qualquer tipo de apoio, pois são estes bem como todos os outros, que por um qualquer motivo são mais vulneráveis e que devem merecer máxima atenção.

Devemos apenas alinhar em euforias e festejos quando todos os cidadãos se sentirem tratados como tal. Essa é a vossa missão e só para isso foram eleitos.

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