Jerónimo de Sousa disse, em Coimbra, que a reação de Paulo Portas às medidas anunciada pelo primeiro-ministro, faz parte da “farsa, já muito vista, do polícia bom e do polícia mau”.
Paulo Portas, que se “especializou na prática do jogo duplo, bem patente nessa consentida farsa do passado domingo”, é um dos “dois protagonistas daquela farsa, já muito vista, do polícia bom e do polícia mau”, afirmou Jerónimo de Sousa.
Quanto às medidas “anunciadas por Passos Coelho, na passada semana, em nome de todo o Governo PSD/CDS, incluindo o ministro Paulo Portas”, essas constituem “mais um episódio no caminho do desastre económico e social” em que está envolvido o país, sustentou o líder comunista, que falava, na noite de terça-feira, no encerramento de um debate sobre “As desigualdades na sociedade e no território – dimensões do desenvolvimento capitalista”.
Passos Coelho e Paulo Portas, “um e outro acertaram a coisa, definiram o montante a sacar, os objetivos a alcançar e os alvos que vão sofrer”, acrescentou Jerónimo de Sousa, concluindo que, “agora é só aplicar as medidas com os devidos ajustamentos”.
Essas medidas – anunciadas com recurso ao “velho truque de apresentar o péssimo, para que passe como razoável o pior” – atingem “trabalhadores do setor público e privado, reformados do setor público e privado e as populações em geral, do litoral e do interior”, salientou.
“Hoje [terça-feira] houve mais esta encenação do recurso aos mercados”, que deixou “toda a gente contente, porque a procura foi superior à oferta – pudera, camaradas e amigos, com o juro a 5,6% qualquer um arriscava a comprar essa dívida”, comentou Jerónimo de Sousa.
Mas, alertou, “sobra um problema: no futuro quem é que vai pagar e como podemos pagar?”.
Sem crescimento económico, “Portugal não terá condições para pagar esses juros abissais a que, de escalada em escalada”, o país está sujeito, sublinhou o secretário-geral do PCP.
Impõe-se, por isso, “uma nova política” que tenha, entre as suas “opções fundamentais”, a “renegociação da dívida nos seus montantes, juros, prazos e condições de pagamento, com redução do serviço da dívida para um nível compatível com o crescimento económico e a melhoria das condições de vida”, sustentou.
Jerónimo de Sousa também defendeu a “assunção de uma política soberana e a afirmação do primado dos interesses nacionais nas relações com a União Europeia, diversificando as relações económicas e financeiras e adotando medidas que preparem o país face a uma saída do Euro”.
Uma saída de Portugal do Euro que pode resultar da “decisão do povo português” ou do “desenvolvimento da crise da União Europeia”, explicitou o líder dos comunistas.
No debate participaram também Agostinho Lopes, membro do Comité Central do PCP, o professor catedrático jubilado António Avelãs Nunes, a geógrafa Madalena da Fonseca e o economista Sérgio Ribeiro