Opinião – Afinal, a maioria censura-se a si própria

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José Junqueiro

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A entrevista de José Sócrates não deixou ninguém indiferente. As redações de todos os canais, e direções de informação em geral, não tiraram os olhos da RTP1. Os painéis pós debate generalizaram-se na comunicação social. Foi um verdadeiro frenesim. E o entrevistado não desiludiu. Foi uma hora e meia de combate.

Quiseram silenciar a sua voz, como de modo medíocre alguns outros tentam fazer a terceiros. E há sempre uma desculpa, regra geral com base numa moral e independência estafadas. Quer queiram, quer não, os que assim pensam e procedem estão condenados ao fracasso. Ontem aquela entrevista e os futuros comentários foram e serão o corolário desta minha convicção.

O Presidente da República, Cavaco Silva, ouviu de viva voz o que muitas pessoas pensam e que Sócrates traduziu de modo tão peculiar. Como várias vezes escrevi, este é um governo de “iniciativa presidencial”, tal como a crise política em que a direita lançou o país. Fê-lo a partir de Belém, através de um colaborador que um diário nacional denunciou (reproduzindo mesmo documentos), mas que o Presidente promoveu.

A maioria teve o contraditório merecido, mas haverá mais. Assistimos ao início da queda e fim do embuste da direita; e a esquerda mais radical deve tomar nota do que vai ser dito e, por prudência, aconselho a que não esqueça ter dado a mão à direita, ajudando a abrir caminho ao caos que o país e as famílias vivem.

Alguém compreende, agora, que a AR tenha chumbado o PEC IV, a um governo eleito há apenas 18 meses, depois de ter sido aprovado por todos os Chefes de Estado e de Governo, pelo BCE e pela Comissão Europeia? E aprovaram porque Portugal e o governo tinham credibilidade.

Quem destruiu, afinal, essa credibilidade? Agora percebeu-se!

A liderança desta crise, protagonizada pelo Presidente da República e pelo PSD, foi uma imprudência política sem perdão. Queriam o FMI – nunca o esconderam – queriam a Troica, para terem um chapéu que lhes permitisse “ir ao pote” (terminologia tão infeliz de Passos Coelho) empobrecendo o país, destruindo a economia e as famílias.

Vivemos o “phasing out” governamental. As substituições de secretários de estado já ultrapassa a dezena, mas os ministros e as políticas não mudam. Sucedem-se as inconstitucionalidades orçamentais e as pressões sobre o Tribunal.

Os principais dirigentes ou ex-dirigentes do PSD exigem uma remodelação governamental, o parceiro da coligação também, chegando mesmo a ser mais assertivo, referenciando Miguel Relvas e o ministério da Economia. É a implosão. Afinal, a maioria censura-se a si própria.

 

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