Estaco: “Apesar de tudo fui feliz aqui”

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ESTACO - CJM (11)Outubro de 2001. Passaram 12 anos. O suficiente para que o tempo fosse transformando a Estaco, uma das maiores fábricas do país numa gigantesca carcaça de betão. São quase 60 hectares de um complexo industrial votado ao abandono na Pedrulha.

Manuel Oliveira trabalhou “uma vida” na fábrica de cerâmica. “Foram 38 anos”, diz, enquanto caminha sobre um chão onde restam silvas, lixo ou louças sanitárias partidas. Hoje, o antigo operário, natural de Torre de Bera (Almalaguês) regressa para reavivar memórias e reconstruir espaços que o tempo foi destruindo.

24 de outubro de 2001:

dia do juízo final

Fundada em 1946, a Estaco chegou a empregar cerca de mil trabalhadores e a deter uma unidade de produção em Moçambique. A fábrica produzia para exportação e para o mercado nacional três produtos – azulejo, sanitário e pavimento – o que lhe conferia uma posição de destaque a nível setorial, nacional e, mesmo, internacional.

No final de um processo que durou cerca de seis anos, a 24 de outubro de 2001, o 2.º Juízo Cível da Comarca de Coimbra sentenciava pela falência das Cerâmicas Estaco. Nessa época, Manuel Oliveira tinha 61 anos e exercia funções na portaria. É ali, no que resta de um pequeno anexo localizado na frontaria da antiga fábrica, que Manuel repara numa das paredes onde está afixado um calendário de 2001 – precisamente o ano em que a fábrica fechou.

“Parece que o tempo não passou por aqui”, afirma. Mas passou. E muitos dos momentos que se seguiram àquela tarde de outono, não foram fáceis para os 230 trabalhadores que ficaram sem emprego.

Patrícia Almeida

(ver notícia completa na edição impressa)

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