Opinião – Promessas por cumprir?

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Aires Antunes Diniz

Sempre os portugueses se preocuparam com a falta de ligação entre as várias partes do país e com a necessidade de investir na criação daquilo que agora chamamos de acessibilidades. Até “dizia assim o relatório do Secretário-Geral servindo de Governador Civil, em 1856: “Sem embargo da maior distância em que fica a capital relativamente a alguns pontos daqueles dois distritos (GuardaCoimbra) mais próximos desta cidade, é menor todavia a despesa de transporte por água quando o Tejo permite viagens regulares até Vila Velha”.1

Faziam-se então contas aos custos de produção industrial e de transporte para chegar a um custo total no mercado final, que se queria competitivo. Agora por força de uma “crise financeira”, o Estado introduz portagens que distorcem os preços e fragilizam a economia.

Contudo, fê-lo de modo tão inábil e tão pouco diligente que, só sob pressão e com incrível atraso, introduziu algumas inovações tecnológicas para poder cobrar o dinheiro com que se “equilibrarão” as contas públicas. Caiu-se até no ridículo de se vangloriarem os gestores de “que este processo não demore mais que 10 segundos e que potencie uma receita superior a 10 milhões de euros anuais”, diz a empresa liderada por António Ramalho (Estradas de Portuga), acrescentando que prevê colocar os terminais de pagamentos até “meados do mês de julho” (www.jn.pt), logo e quando Agosto ia começar daí a quinze dias.

De facto, um dos nossos governantes só se lembrou no fim de Julho que os emigrantes são um fator de animação da economia porque gastam, mas o governo presente e pretérito não se lembrou deles como trabalhadores que partiram por falta de desenvolvimento da nossa economia. Tão pouco se preocuparam com a economia pátria já que nem pensaram um minuto nas portagens pois só souberam adiar à última hora a decisão sobre os seus preços e isenções. Também mostraram incapacidade geral de governar fazendo reinar muita confusão, dúvidas e incompreensões entre os estrangeiros e emigrantes que nos visitaram. E, se o governo mostrou ser incompetente, teve muito tempo para pensar nisso pois o problema das portagens tem sido motivo de grande discussão pública, tendo até manifestações em todo o país.

Entretanto, como estamos já na segunda metade de Agosto, convinha que alguém nos dissesse quanto é que o Estado recebeu de portagens e quando perdeu o turismo nacional com a evidente falta de jeito e de diligência dos nossos governantes e gestores, já que não permitiram o uso eficiente das nossas autoestradas.

De facto, se não o fizermos só ganhamos mais histórias para o nosso anedotário de cada dia. Estejamos por isso civicamente atentos aos próximos episódios.

1 Jaime Lopes Dias – O problema da Viação no Distrito de Castelo Branco: O que há e o que se precisa e Meios de Realização, Coimbra, Tipografia Operária, 1922, p. 40.

 

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