As Urgências de Coimbra

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Luís Parreirão

As últimas duas semanas têm sido férteis em notícias sobre o encerramento nocturno dos serviços de urgência do Hospital dos Covões.

Para grande surpresa minha, dessas notícias resulta que, ou estamos perante uma medida tomada com base em critérios técnicos quantitativos, ou com base em estudos que, quer a comunidade quer a própria Ordem dos Médicos, não conhecem.

Acontece que esta questão, como todas as questões relevantes para a vida das cidades ou dos países, não é técnica. É, isso sim, uma questão política e de cidadania.

Apesar disso não vi os eleitos nacionais ou locais a explicar aos eleitores – a todos nós – o que é que está em causa com esta decisão, qual a sua posição sobre ela e o que é que pensam fazer para a suportar ou para a contrariar.

Vi o Senhor Bastonário da Ordem dos Médicos a tomar posição: “Não sou favorável ao encerramento nocturno da urgência dos Covões, que antecipa um futuro nada positivo para a respectiva instituição e para Coimbra”.

De facto , o que está em causa é o futuro de Coimbra. É que se as questões da organização dos serviços de saúde são em qualquer cidade um problema político, em Coimbra são-no bastante mais!

Coimbra afirma-se há décadas como “Cidade da Saúde” e considera o sector da saúde como um dos principais esteios estratégicos do seu desenvolvimento. Por isso, o que está em causa é muito mais do que o fecho nocturno das urgências dos Covões.

O que todos precisamos de saber é qual o papel que o sector da saúde de Coimbra vai desempenhar nas próximas décadas.

Se as nossas Escolas de Saúde, com a Faculdade de Medicina à cabeça , e as nossas instituições hospitalares querem ser uma referência regional, nacional ou internacional.

Se os destinatários dos cuidados que prestamos são os cidadãos de Coimbra e sua região, os cidadãos portugueses onde quer que residam, ou os cidadãos do mundo.

Enquanto a discussão estiver à volta das 46 urgências nocturnas atendidas num hospital versus as 107 atendidas noutro só estaremos a dar argumentos aos que querem reduzir Coimbra à sua actual dimensão quantitativa.

Coimbra tem que saber o que quer do e para o seu sector da saúde – qual a estratégia e ambição. Caso contrário está a escolher o caminho da irrelevância!

A propósito, será que algum dos responsáveis – por acção ou omissão -, pelo que vai acontecer é capaz de nos esclarecer se este modelo que vai ser implementado em Coimbra existe nalguma outra cidade do país?

 

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