Empresa O2 pagou 25.000 euros para fazer parte da Fundação Museu Nacional Ferroviário

Spread the love

A empresa O2, de Manuel Godinho, o principal arguido no processo Face Oculta, pagou 25 mil euros à Fundação do Museu Nacional Ferroviário, condição para ser aceite como entidade equiparada a fundador.

A informação foi esta quarta-feira avançada pelo presidente da Fundação do Museu Nacional Ferroviário, Júlio Arroja, que prestou declarações, enquanto testemunha de acusação, no tribunal de Aveiro onde decorre a 35.ª sessão do julgamento.

O engenheiro, atualmente na reforma, referiu que o convite para a O2 aderir ao conjunto de fundadores partiu de Carlos Frazão, que na altura era presidente da Fundação que foi criada em 2005 para o estudo, a conservação e a valorização do património histórico, cultural e tecnológico ferroviário português.

Segundo Júlio Arroja, além dos 25 mil euros pagos à Fundação, que tem entre os seus fundadores o Estado, a Câmara do Entroncamento, a CP e a Refer, a empresa do sucateiro Manuel Godinho ofereceu ainda mobiliário de escritório.

A defesa do arguido Carlos Vasconcellos, quadro da Refer que se encontra suspenso de funções, manifestou estranheza pelo facto de uma empresa de Manuel Godinho ter sido convidada para fazer parte da Fundação, quando existia um conflito em tribunal com a Refer.

“Ao mesmo tempo que a empresa supostamente estava a ser alvo de suspeição era convidada para um ato absolutamente importante na vida de uma empresa, que é a criação de uma Fundação que pretende refletir a sua vida e o seu passado”, disse aos jornalistas o advogado João Folque.

Opinião diferente tem o presidente da Fundação que, à saída da sala de audiências, considerou normal o convite feito à empresa de Manuel Godinho para integrar a Fundação.

“Também a Teixeira Duarte teve problemas com a Refer por causa do túnel do Rossio e isso não impediu de ganhar outras obras depois”, justificou a testemunha.

No entanto, após a insistência dos jornalistas, Júlio Arroja acabaria por admitir que, hoje, as empresas de Manuel Godinho não seriam convidadas. “É evidente que agora, num momento destes, era desejável que este assunto ficasse resolvido”, concluiu.

O processo ‘Face Oculta’ está relacionado com uma alegada rede de corrupção que teria como objetivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro Manuel Godinho nos negócios com empresas do setor empresarial do Estado e privadas.

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.