Doentes e médicos defendem maior incremento da diálise peritoneal no domicílio

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O presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia defendeu esta quarta-feira (11) um maior incremento da diálise peritoneal, feita em casa, para os doentes insuficientes renais, evitando assim as deslocações aos hospitais para fazer hemodiálise.

“Estão a criar-se condições para haver um aumento da sensibilização de médicos e doentes no sentido de aumentar a possibilidade de doentes em diálise peritoneal”, disse à Lusa Fernando Nolasco. Segundo o nefrologista, nalguns casos, pode haver vantagens em haver mais doentes a fazer este tratamento em casa.

Em Portugal, há cerca de 14 mil pessoas com insuficiência renal, das quais cerca de 10 mil fazem diálise. Existem duas opções de diálise: a peritoneal (em que o tratamento é feito em casa do doente) ou num hospital ou numa clínica privada (Hemodiálise). “A diálise peritoneal é uma forma tão eficaz como a hemodiálise de fazer diálise. Como em tudo na vida, tem vantagens e desvantagens. Há doentes que podem e outros que não podem”, comentou Fernando Nolasco.

Segundo a Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR), a diálise peritoneal apresenta uma série de vantagens: não exige acesso vascular, o que diminui a probabilidade de infeções, o doente faz o tratamento em casa, o que representa ganhos consideráveis em termos de qualidade de vida, e é cerca de 30 por cento mais económica para o Estado, uma vez que se poupa em materiais, avenças a privados e transporte.

Os tratamentos para a insuficiência renal são comparticipados na íntegra pelo Estado. Um doente a fazer hemodiálise custa, em média, entre 450 e 470 euros por semana, rondando a despesa anual em 290 milhões de euros, o equivalente a 3,3 por cento do Orçamento do Ministério da Saúde.

A APIR adiantou que os custos com a diálise peritoneal são 30 por cento mais baixos, ou seja, se este tratamento ganhar maior expressão, o Estado pode poupar cerca de 87 milhões de euros por ano.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia observou que há países em que existe um maior número de doentes a fazer diálise peritoneal, mas isso depende da organização de cada sistema de saúde. Em Portugal, adiantou, mais de 90 por cento dos doentes com insuficiência renal em fase terminal fazem hemodiálise, sendo ainda muito poucos os que fazem tratamento em ambulatório.

Dados de 2010 indicam que cerca de 10.150 doentes realizam tratamento de hemodiálise e 650 fazem diálise peritoneal em Portugal, um dos países da Europa com maior taxa de doentes com insuficiência renal.

O presidente da APIR, Carlos Silva, disse à Lusa que este tratamento tem vantagens para o doente, nomeadamente ser “menos violento para o organismo”, mas lembrou que não pode ser feito por todos os pacientes. “O médico tem um papel muito importante em informar o doente sobre as várias opções consoante a sua situação clínica”, sublinhou.

Carlos Silva adiantou que, há uns anos, os doentes se queixavam que não eram informados sobre a possibilidade deste tratamento e a associação assumiu esse papel de informar os pacientes sobre as opções de diálise.

”O que temos sentido é que muitos doentes que entraram em diálise já tiveram essa informação e, possivelmente, com as novas regras que estão a ser implementadas essa informação vai ser implementada nas consultas de pré diálise”, sublinhou Carlos Silva.

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