E o que lucrou o PSD e Passos Coelho?

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José Junqueiro, Secretário de Estado da Administração Local

Decididamente, os ventos não estão de feição. Observei há dias, a propósito de Belém e do 25 de Abril, o seguinte:

“Quatro Presidentes, quatro discursos, quatro apelos à concertação, a mesma que o primeiro-ministro pediu para evitar a crise em que mergulhámos e nos conduziu à ajuda externa. Se o discurso da tomada de posse do Senhor Presidente da República tivesse sido outro também Portugal, hoje, seria outro. Infelizmente não foi o que aconteceu. Nunca é tarde. As palavras de esperança foram importantes e é esse o caminho a seguir, com mais tolerância, maior responsabilidade, mais Portugal, maior convergência e mais sentido de Estado.”

O primeiro-ministro José Sócrates gostou do que ouviu, mas não poderá deixar de perguntar-se sobre a demora destas palavras, por que não aconteceram antes ou por que não foi ouvido nos seus sucessivos apelos à concertação?

No entanto, Passos Coelho, de imediato, estigmatizou a ideia de CONCERTAÇÃO, assumindo-a como sinal de UNIDADE e apoucando-a com a imagem da “União Nacional” de Salazar. Nada mais a despropósito e que nem tão pouco se entende!

Ramalho Eanes, logo após aquele mal sucedido discurso de tomada de posse em 9 de Março, observara, mais ou menos por estas palavras: “ter sido excessivo ignorar a crise internacional, culpar o Governo, ou pelo menos exclusivamente, pelas dificuldades sentidas” e, mais recentemente, afirmou “ser um erro tentar diabolizar Sócrates, porque foram muitas as reformas que conseguiu alcançar”.

Ramalho Eanes foi, como se sabe, um dos mais altos responsáveis da campanha de Cavaco Silva e, por esse facto, estas suas palavras ganharam especial significado.

Dois dias depois, a 27 de Abril, reagindo à entrevista de Judite de Sousa a José Sócrates, na TVI, em que o 1º Ministro apelou, mais uma vez, ao entendimento e à concertação, Passos Coelho voltou a rejeitar tal possibilidade, resguardando-se no pós-eleições.

Continua, portanto, a dar, interna e externamente, a ideia de um político belicoso, incapaz de consensos a favor da estabilidade do país. E os mercados especuladores agradecem-lhe! Foi este radicalismo de uma Oposição liderada pelo PSD que nos conduziu à ajuda externa e a todas as nefastas consequências que daí decorrem e sobre as quais muito se especula na opinião pública.

Ninguém sabe ao certo o que, em concreto, vai acontecer, mas uma coisa é clara: o PEC IV, infantil e irresponsavelmente rejeitado, será substituído por algo bem pior.

Sendo assim, por que nos trouxeram até aqui? O país e os portugueses nada lucraram. E o que lucrou o PSD e Passos Coelho?

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