25 de Abril a uma só voz…

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João Azevedo, Presidente da Câmara Municipal de Mangualde

Num momento difícil como o que atravessamos actualmente vimos, pela primeira vez, a sinergia de esforços de quem quis falar para o país, para os portugueses, de quem colocou de lado crenças e ideologias políticas. E por isso, este ano, as comemorações oficiais do 25 de Abril, realizadas no Palácio de Belém, tiveram um toque especial e inédito. Cavaco Silva, Mário Soares, Ramalho Eanes e Jorge Sampaio juntos na promoção de uma reflexão sobre a situação real do país.

Num discurso de apelo ao bom senso, ao juntar de vontades e acima de tudo de esforços, o Presidente da República e os três ex-presidentes da República, todos eleitos em democracia, salientaram a importância da construção de compromissos e de acordos duradouros, onde o discurso de unidade foi a nota dominante.

Com o FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia a negociarem, neste momento, os moldes da ajuda externa a conceder a Portugal, é preciso mostrarmos coesão social e política. É necessário transmitir que estamos a fazer todos os esforços para levar o país a “bom porto”. Durante as comemorações, Mário Soares apelou ao diálogo nacional após as eleições e para que as forças políticas se unam em torno das grandes reformas necessárias para um futuro melhor e mais promissor para todos. O antigo líder socialista defendeu, ainda, que é necessário pôr de lado as divergências ideológicas que separam os partidos, em prol da defesa do interesse nacional. Posição defendida também por Cavaco Silva que considerou que, independentemente do que possa separar os políticos e os cidadãos em termos de pensamento, crenças ou ideologias, o essencial é pensar em Portugal e no futuro do país.

E se é verdade que os responsáveis em primeira linha pela actual situação do país são os políticos, após o 25 de Abril assistimos, também, a muita coisa positiva: integração social, cooperação com os estados de língua portuguesa, reformas na educação e na formação profissional, aumento de informação, acesso a equipamentos e serviços, apoios sociais, consolidação do sistema bancário de qualidade. Foi nesse sentido que Ramalho Eanes no seu discurso considerou fundamental reconhecer o mérito que os governos anteriores tiveram neste processo, destacando os últimos seis anos de governo de José Sócrates pelas reformas efectuadas, afirmando que muito do que se fez foi positivo para o país.

Já no final do seu discurso, Mário Soares relembrou que “após acordo com a “troika” a situação portuguesa ficará estabilizada mas não resolvida” e Jorge Sampaio, por sua vez, reforçou que é necessária uma democracia mais participativa e que todos temos um papel activo nesta crise. Foram palavras fortes, orientadoras e necessárias! O país estava a precisar de ouvir estes quatro importantes líderes. Uns ouviram e entranharam num registo de coerência com a acção política a que temos assistido… outros não.

Olhando para o passado, e o exemplo que foi o 25 de Abril de 1974, temos todos a responsabilidade de enfrentar e vencer este desafio que o país atravessa.

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