Estamos todos agora numa aprendizagem dolorosa e desanimada da vida em tempo de crise, administrada e condicionada por um governo assessorado por muitos, que juntos afirmam sufocada e desesperadamente que a vida é mesmo assim e que não há nada a fazer para a mudar. Entretanto, contrariando este tempo de crise os nossos banqueiros proclamam que vão fazer tudo para captar os poucos depósitos que ainda existem. Mas, devem ter pouca sorte pois o governo antecipou-se e cortou salários, aumentou preços e fez o necessário e suficiente para empobrecer operários e jovens, técnicos superiores, professores, engenheiros, enfermeiros e o mais que houver para os embaratecer como mão-de-obra especializada. Consta-me que já quer degradar as condições remuneratórias dos jovens médicos.
E a isso se resume a coragem do governo Sócrates 2.0.Entretanto, diz apostar na educação, requalificando de modo mal amanhado algumas escolas, onde vemos na qualidade das obras feitas a qualidade da gestão das empresas que foram escolhidas para as fazer. Parece que retrocedemos para além de 1966, quando Fernando Falcão Machado inventariou as possibilidades educativas de Portugal, informando até que: “Na Escola de Regentes Agrícolas de Coimbra, e destinado a professores primários e sacerdotes, realizam-se cursos complementares de aprendizagem agrícola, de três semanas”. Havia então agricultura, embora muitos portugueses estivessem já de abalada para França e outros países da Europa. Agora ainda temos um resto de indústria e de comércio e estão de abalada para a Alemanha muitos engenheiros e a demais gente que houver para debandar.
Infelizmente não têm fim processos como o Face Oculta em que Armando Vara, quer que o juiz Carlos Alexandre, imitando Sócrates na sua coragem para atacar os interesses dos portugueses, o retire deste processo, ilibando-o. No mesmo processo, Manuel Godinho adoeceu e qualquer dia sai do processo por doença grave. No caso BPN, Oliveira Costa envelheceu tanto que já está “acamado” e qualquer dia pede que o retirem do processo por esta razão. Por fim, são tantos os papéis deste processo que os advogados já propuseram pagar os armários para os guardar. Para complicar, no processo Casa Pia Carlos Silvino disse que tem andado a mentir. Entretanto, os advogados divertem-se, ganham dinheiro e fazem chicana.
Em tudo isto, o povo vai fazendo a sua aprendizagem do que falha e melhor ainda do que faz falhar a nossa democracia que está mesmo a precisar de afinação. Mas, para isso, terá que o proclamar audivelmente.
