Opinião: Bela sem monstro

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Gonçalo Capitão

No meio da euforia sobre a nova versão de “A Bela e o Monstro”, e no espaço de uma semana, fui lendo notas sobre Coimbra que me recordaram de outra Bela, no caso a necessitar de despertar de um estado que oscila entre o adormecido e o comatoso.

Falo de uma intervenção parlamentar em que um deputado do burgo se congratulava com o estado de coisas, da inauguração de um supermercado pelo Presidente da Câmara, e do anúncio da candidatura (um regresso) a presidente de junta de freguesia de um amigo.

A mais do Concelho e da Região, que terá tudo isto em comum?… Trata-se da celebração, da manutenção e da contestação de um status quo.

Por mim, alinho mais pela última nota, e desenvolvo a prosa de hoje a partir de um dos compromissos conjuntos de Francisco Andrade (o tal regresso) e Jaime Ramos, o candidato da oposição à presidência da edilidade: solicitar ao Governo o desenvolvimento do Metro Mondego ou alternativa viável.

Este é um ponto crucial para demonstrar a gritante perda de importância relativa de Coimbra no contexto nacional. Não falo apenas no facto de não termos “coisas” em que as regiões de Lisboa e Porto abundam; refiro-me também ao constante adiar de um desígnio que poderia ser glorioso, do encontrar da fórmula que nos permita juntar excelência na política àquela que já existe na Universidade e na Saúde.

O Metro Mondego seria, por isso, mais do que um meio de transporte essencial e que nos é devido; seria um elemento de qualidade de vida e de real importância da Região. Sou daqueles que, independentemente da minha conhecida opção partidária, censuro por igual sucessivos governos por terem negligenciado o projecto, não sendo sequer necessário dizer que acompanho com interesse a investigação ao alegado despautério de alguns gestores deste (e depois há quem diga que não gastamos em “mulheres e copos”…).

Podemos, contudo, ir mais longe e perguntar-nos por que razão duas capitais de distrito como Coimbra e Viseu estão ligadas por uma estrada perigosa e com constantes interdições de faixas. Se houvesse respeito em Lisboa pela nossa Região (mais uma vez faço um comentário insensível à cor dos governos) não haveria já uma auto-estrada segura e merecida? Quantos aeroportos mais vão remodelar ou quantas mais vias rápidas para Lisboa e Porto serão necessárias até que comecem a pensar em acabar de infraestruturar o Centro?

Bem sei que Coimbra sempre gerou alguma “dor de cotovelo”, mas também esperava mais numa altura em que Governo e Câmara pertencem ao mesmo partido (vale hoje como noutros tempos), e em que o alcaide preside à organização dos seus pares (Associação Nacional de Municípios, entenda-se).

Já não basta a Coimbra ser bela, como não bastou à Briosa ser tradicional, há umas décadas atrás. A Universidade já percebeu que a modernidade é inexorável, esperando eu que o próximo edil o entenda também e, sobretudo, que saiba unir todas as forças vivas da Região para persuadir Lisboa a acordar a bela Coimbra.

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