Opinião: A minha SMS

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Paulo Júlio

O momento político é confuso. Os últimos dias foram mergulhados no modo como o Governo e o seu Ministro das Finanças trataram o assunto da declaração de rendimentos de uma administração da CGD que acabou por estar muito pouco tempo em funções devido ao mesmo tema.
O assunto foi realmente tratado com os pés e revela sobretudo uma praxis abusadora que formata uma posição altamente condenável sobre o conceito de transparência nalguns titulares de cargos políticos. É evidente que aquele Ministro nunca deveria ter tentado fazer uma lei específica para evitar a publicação da dita declaração de rendimentos daqueles senhores que, por sua vez, não têm a mínima noção do que é um cargo público. Uma trapalhada, diria a esquerda de outros tempos.
Mas, a pergunta que se faz, agora que a administração da CGD foi substituída, é se vale a pena este País andar a discutir este assunto durante dias a fio, quando há tanto para fazer e discutir? Claro que os que estão agora no poder, repetiram nos últimos anos, num sem número de ocasiões, esta política de terra queimada que não leva a lado algum. É verdade também que a atual oposição está a fazer basicamente o mesmo, levando à exaustão a sociedade portuguesa.
A vida política portuguesa tem , para bem de todos nós, de ganhar substrato, bom senso e focar-se no desiderato da sua existência – a vida dos portugueses. Claro que não é bom ter governantes que metem os pés pelas mãos, em situações que exigem bom senso, mas , por outro lado, tenho muitas dúvidas que estes sejam os debates políticos que possam trazer benefícios eleitorais à oposição, apesar de reconhecer que são temas “fáceis”para a discussão entre os cidadãos.
Admito também que nós cidadãos, fazemos escolhas com base em características e acontecimentos básicos dos políticos , em lugar de procurarmos analisar a sua real qualidade e competências. Somos mais , pelo simpático, popular ou conhecido, e, muito menos, pelo competente, experiente e , portanto, capaz de gerir a coisa pública. Somos mais pela fulanização do que pelos conteúdos, programas e compromissos, havendo até quem diga alto e bom som, que as eleições se ganham sem programas.
Mas, voltando à discussão política portuguesa , esta tem necessariamente de ganhar espessura , para bem de todos nós. Discutir SMS durante uma semana, faz-nos mal e deveria fazer sentir mal quem possui responsabilidades nacionais.
A minha SMS é “por favor , cumpram as vossas funções e lembrem-se todos os dias dos portugueses. Lembrem-se menos uns dos outros porque, afinal, talvez não tenham tanta importância assim…”.

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