Cafeína diminui a memória do medo, revela estudo internacional liderado pela UC

Posted by
Spread the love

Rodrigo Cunha

Um estudo, realizado em conjunto por cientistas do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC) e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), revelou que o consumo regular de doses moderadas de cafeína reduz a expressão do medo. Uma descoberta que abre portas para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas no controlo de fobias e depressão.

Uma das bases do medo é a designada “memória aversiva continuada”. Em termos de saúde pública, o medo está associado a fobias, stresse pós-traumático e depressão, havendo por isso um grande interesse por parte da comunidade científica em manipular esta reação emocional.

De acordo com uma nota de imprensa da reitoria da Universidade, a investigação, centrada na região do cérebro onde as memórias do medo são codificadas mostra que a persistência da memória aversiva depende de uma anomalia na sinalização mediada pelos recetores A2A (sistema de comunicação do sistema nervoso central).

A equipa de investigadores do CNC e do MIT realizou um conjunto de experiências em ratinhos, expondo-os a situações negativas em contexto sensorial e espacial.

Nos ratos que consumiam cafeína observou-se uma “diminuição progressiva da retenção da memória aversiva. Quando colocados no contexto causador do medo, os animais ajustaram o seu comportamento, ou seja, adquiriram uma adaptação positiva”, explica Rodrigo Cunha, coordenador do estudo, já aceite para publicação na revista científica Neuropsychopharmacology.

Os resultados desta investigação, financiada pelo Departamento de Defesa dos EUA, podem vir a ter um impacto clínico relevante no futuro: “a partir daqui é possível desenhar e desenvolver fármacos para controlar fobias e traumas, evitando a evolução para a depressão, a doença com maior incidência no mundo ocidental”, fundamenta o também docente da Faculdade de Medicina da UC, esclarecendo, no entanto, que ainda são necessários mais estudos em humanos.

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.